Ponte dos arcos #14

Rio dos papagaios

Depois de inacabáveis CINCO meses recuperando de uma cirurgia para correção de impacto femoroacetabular bilateral, é chegada a hora de fazer um teste de longa distância para averiguar minhas reais condições físicas e nada melhor que um "longão" de 100km com uma gravel.

Um parêntese rápido para quem tem curiosidade, impacto femoroacetabular ocorre quando alguém nasce com alguns dos ossos do quadril mal formados, o quadril então não se encaixa tão bem e tem menos liberdade de movimentos. 


Impacto femoroacetabular e seus dois tipos

No meu caso, tinha mobilidade de 30% de movimento dependendo do ângulo para onde abriria as pernas; dançar sempre foi difícil, mas imaginava que era por timidez mesmo... Até que um dia, literalmente de tanto pedalar, o osso trincou e de ambos os lados.


Artroscopia... Te devolve liberdade de movimento, mas acaba com o seu bolso

O lugar escolhido para saciar o sangue nos olhos foi Balsa nova/São Luiz do Purunã; mais especificamente, queria ver com meus próprios olhos a ponte dos arcos. 


São Luiz do Purunã


São Luiz do Purunã é um distrito da cidade de Balsa Nova/PR, localizado em uma área rural, a 45 km de Curitiba e 65 km de Ponta Grossa. Saindo de Curitiba, o acesso é logo após o pedágio de São Luiz do Purunã.

O distrito é localizado em meio a Escarpa Devoniana do Paraná, uma região de campos naturais, que se misturam com paredões de pedra, pela divisa do Primeiro Planalto de Curitiba com o Segundo Planalto de Ponta Grossa.

Na real mesmo, quando se chega pela primeira vez ao distrito, é impossível não receber uma mordida do bichinho da curiosidade, pois o pórtico de entrada não condiz com a fama do lugar, quando adentramos no vilarejo fica pior, apenas duas ou três ruas curtas.

Recepção pouco "vistosa"

Por sorte, SLP é um desses lugares que escondem sua beleza e se mostra apenas para quem tem olhos pacientes e aventureiros, quer ver?

Pousada Varshana - Imagine um cafézinho no fim de tarde

Minimalismo chique - hotel fazenda Cainã

É possível alugar um chalé para observar estrelas também S2

Fora as hospedagens, é possível também fazer turismo de cachoeiras, rapel, tiro de arco e flecha, passeios à cavalo, degustar vinhos autorais, subir serras e mirantes, subir e observar cânions, turismo rural e claaaaro, andar de bicicleta também... né.



Vinho autoral Unus Mundus no fim de tarde.
O rosé casou muito bem com o cenário.

Ponte dos arcos

Ponte dos arcos


Na divisa municipal de Balsa Nova e Porto Amazonas, na junção entre o Rio dos Papagaios e o Rio Iguaçu, exatamente ao final da Estrada do Tamanduá, fica localizada a Ponte dos Arcos, com seus mais de 60m de altura e 585 m de comprimento. Obra de engenharia singular, a ponte se ergue sobre o Rio dos Papagaios, e foi inaugurada em 1880 e é tombada como patrimônio cultural do Paraná pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (1973).


Arquivo GPX da trilha



O que esperar deste percurso


Apesar da alta quilometragem, a maior parte se dá pelo acostamento da BR 277 (apenas o túnel antes do pedágio não tem acostamento, MUITO CUIDADO!), então a velocidade média e o esforço ficam muito bem equilibrados, o que realmente deve ser levado em consideração é a hidratação e a reposição de carboidratos.


Já em São Luiz do Purunã propriamente dito, entramos nos campos históricos do Tamanduá. Altimetria quase plana, terreno com pedregulhos pequenos e poucos buracos, pouquíssimos veículos, poucas áreas de sombra, paisagens vastas, tão vastas aliás, que se fosse resumir o caminho do Tamanduá, seria com a palavra "vastidão". Para onde se olha, há o horizonte infinito.




Depois de atravessar a ponte dos arcos, é preciso adentrar propriedades particulares para se chegar novamente até a 277, são porteiras e mais porteiras, por sorte, encontrei todas abertas, caso estejam fechadas, muitos ciclistas abrem, atravessam e fecham; outros, aconselham a não adentrar tais propriedades. Sempre existe a chance de voltar pelo mesmo caminho.

Quando estava chegando no final da travessia da bendita ponte, o trem apitou avisando de sua passagem logo mais; cada novo apito escutado ficava mais e mais urgente, a extensão da ponte é de quase 600 metros e o trem chega com velocidade entre 60 e 80 por hora, não tem como correr e voltar; por sorte, a ponte conta com refúgios de 1m² pra lá de mal conservados que trepidam demais... Muito desesperador.

Apesar dos pesares, não apenas vi com meus próprios olhos a obra de engenharia que tanto queria ver como quase fui atropelada pelo trem, experiência completa!

Trem dando as caras, detalhe para os refúgios sem grades de proteção
 
Refúgio onde fiquei, detalhe para a altura da ponte


Abaixo deixarei links para dois vídeos que passam bem a sensação de insegurança de atravessar a ponte, também, dão ideia da altura real da possível queda kkk.
 


Pontos de apoio ou descanso


Jusita lanches - Ótimo ponto de encontro de ciclistas, fica a aproximadamente 18km da saída de Curitiba, tem lanches, bebidas, aceita cartão, tem banheiros.

São Luiz do Purunã - Apesar de minúscula, a cidade tem um mercado, uma sorveteria e um restaurante, fora isso, hotéis e mais restaurantes, de alto nível.

Postos de gasolina - Pedalar na BR277 traz esta facilidade, são muitos postos espalhados ao longo da rodovia, a maioria tem lanches e doces na conveniência, muitas vezes, são muito mais baratos que nas opções acima.

Não há pontos de apoio no trecho da estrada do Tamanduá, exceto pela cachoeira do alemão, mas é preciso pagar para entrar.

Grau de dificuldade


Apesar da alta quilometragem, vou classificar em média pois exige uma excelente resistência física, fora isso, é muito tranquila. Tão tranquila que até eu "recém" recuperada de uma cirurgia ortopédica consegui finalizar.

Mais fotos















Perrengue

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