Montando a primeira bicicleta I - Escolha do quadro
Com a proximidade da maior festa
Antes de comprar as peças
Antes de sair gastando dindin nos "bike shop da vida", é imperativo saber o que se quer de fato com uma "magrela", existem diversas modalidades e logicamente, para cada uma, um conjunto de peças diferentes que se adaptam melhor ao uso desejado, as principais aqui no fim do mundo chamado Belém são mountain bike e speed, mas há quem faça também cicloturismo ou pequenos passeios da capital à algum interior próximo.
Outro ponto muito importante é saber com que frequência esta bicicleta vai ser usada, pois o dinheiro é curto e infelizmente a maioria tem que fazer a conta do custo-benefício para saber se vale a pena ou não gastar uns trocados à mais.
No meu caso (ou melhor, no da minha patroa + eu), muito provavelmente pegaremos trilhas uma ou duas vezes ao mês e pedais aos fins de semana para não perder o romantismo e a forma, então chega-se à conclusão que não valeria à pena gastar o suado salário com quadros de 10 mil reais, grupos de 2 mil e pedais de 600,00 e por ai vai.
Ah! outro ponto importante é saber o que se está procurando em um bike shop, pois nem sempre o vendedor tem um jogo de taro, clarividência ou orixás e oráculos para consultar e adivinhar o que você procura, então é muito importante enfiar na cabeça e na ponta da língua o bicicletês (dialeto falado no bike shop)
Tamanho do quadro
Definido quanto se quer gastar em uma bicicleta, vem a parte de comprar as peças e a primeira escolha é o quadro da bicicleta e este item é o mais importante, pois escolher o quadro correto pode livrar o ciclista de muita coisa, entre elas, dores nas costas, nos ombros, de cabeça, de pescoço, de pernas, como regra geral tem-se a tabela abaixo para a escolha do quadro; deve-se atentar também que tamanho do quadro não é tamanho do aro como alguns vendedores tentam empurrar nas lojas mais amadoras, porém chiques e famosas.
Porém, qualquer macaco bem sabido deve ter notado um dia na vida que nem todo mundo é igual (e não estou nem falando de personalidade e afins), ou você nunca notou as perna imensas de sua vizinha ou tirou sarro daquele camarada na escola de braços mais curtos? Além da atura, é importante conhecer também: a medida que vai dos pés ate a região da virilha (ou altura do cavalo), altura dos pés até o osso esterno (altura do esterno) e principalmente tamanho dos braços do ciclista, se possível é bom saber o grau de flexibilidade do corpo também, assim, pode-se escolher os equipamentos de acordo com o ciclista, a este processo é dado o nome de bike fit.
Em países mais desenvolvidos existe um profissional capaz de realizar o bike fit, mas como no fim do mundo não há bike fiter, tive que improvisar um bike fit caseiro mesmo.
Bike Fit
O bike fit vai ajustar o equipamento ao ciclista, tem como função prevenir lesões, dores, e melhorar o desempenho entre 5 a 30%, resumindo, vai garantir uma pedalada sem traumas e dores e com o máximo de conforto possível. Na falta de um profissional, que foi o meu caso, encontrei na internet vários sites com um bike fit virtual, logicamente mundo virtual não é mundo real, mas dá pra ter uma boa ideia das medias da futura bike. Abaixo dois dos sites mais acessíveis e sem embromação que contam com bike fit virtual:
Bike fit No grau
Principais medidas para um bike fit caseiro ou virtual |
Além destas três medidas, existem uma série de ajustes que podem ser feitos para melhorar ainda mais o conforto e rendimento, no entanto, como minha mulher e eu não pretendemos ser profissionais ou competidores (até o momento), o simples fato da bike não causar lesões e desconforto já esta de bom tamanho.
Medidas encontradas pelo bike fit virtual |
O uso da bicicleta
Não sou "expert" em matemática e geometria, logo não discutirei a geometria dos quadros, porém, é possível encontrar certas semelhanças que relacionam o quadro com o uso com o qual ele se dispõe.
Urbana
Não visa muito performance, e sim conforto; a geometria deste tipo de bicicleta geralmente deixa a pessoas "reta", numa posição bastante confortável.
Possuem muito acessórios: para-lamas, iluminação, cestinhas, bagageiros e por ai vai.
Podem ser simples, sem marchas e/ou sem os acessórios ou podem ser bem "emperiquitadas".
Existem modelos voltados para ambos os gêneros.
Bicileta urbana feminina |
Bicileta urbana masculina, um sonho de consumo |
Cargueiras
Apesar de ainda ser considerada uma bicicleta urbana, possui adaptações para aguentar muito peso ou transportar muitas coisas.
Quem nunca comeu um "completo" em uma destas que atire a primeira |
Dobráveis
Também mais um sub-tipo de bicicleta urbana. Apresenta como principal característica a portabilidade, algumas podem ser tão portáteis que viram mochilas.
São caras e difíceis de encontrar, algumas são mal trabalhadas e não conseguem ser assim tão "compactas" ou confortáveis.
Podem dispor de mesma resistência de uma "magrela não-dobrável".
Bike dobrável da Dahon, bom custo X benefício |
Mochila-bike |
Mountain bike
Aqui temos muitas variações, pois existem muitas modalidade no mountain bike e para cada uma, desenvolve-se um tipo específico de quadro e componentes, porém, todas devem ter pneus com boa aderência, freios eficientes, suspensão com boa absorção de impactos e componentes resistentes.
Podem andar em qualquer terreno, mas devido ao altíssimo atrito com o solo, perdem eficiência em asfalto.
Como ocorre com as bicicletas urbanas, é possível encontrar quadros específicos para o público feminino.
Como ocorre com as bicicletas urbanas, é possível encontrar quadros específicos para o público feminino.
Speed
As bicicletas speed são leves, com quadros finos, e aros/pneus muito mais finos ainda, dai o apelido "magrela".São elaboradas para uso específico em asfalto, com pneus que favorecem a aceleração e a rolagem.
Podem ser desconfortáveis e requerem treino para não levar tombos devido a falta de atrito e pneus finos.
Alcançam excelentes velocidades, chegando aos 60~80 km/h facilmente dependendo do atleta, dos componentes e do terreno.
Neste tipo de quadro, o conforto apenas mandou lembranças de tão para trás que ficou, apesar deste detalhe, a posição de pilotagem favorece a aerodinâmica.
Reza a lenda que existem quadros speed específicos para mulheres.
Mais fina que uma vassoura e promete te dar escoliose! |
Cicloturismo
Nesta modalidade, a bicicleta não precisa ter performance de competições, mas precisa ser capaz de trafegar em qualquer terreno como as mountain bike, ser confortável para horas ou dias de pedalada e ainda carregar uma boa quantia de objetos.
Basicamente uma mistura entre mountain bike, urbana e cargueira.
Infelizmente no Brasil, é de difícil obtenção, normalmente se pega uma montain bike ou uma urbana e adapta-se para um cicloturismo.
Mas que vontade de viajar... =) |
BMX - Bicycle Moto Cross (bicicross no Brasil)
Bicicleta desenvolvida para a prática de esportes com muitas manobras, tipo um "skate com duas rodas", pois o quadro é bem pequeno e resistente.Pode ser uma bicicleta para crianças ou adolescentes também.
Pode ser considerada coisa de outro mundo
Manobra mais irada dos cinemas, realizada com um E.T dentro da cestinha...coisa de outro mundo |
Infantis
Podem ser uma graça para quem vê e um inferno para quem anda (frase do pedaleria.com.br).Podem ser de baixa qualidade, sem freio e sem conforto.
Neste momento de primeiro contato da criança com uma magrela, é importante escolher bem este item para que a criança desenvolva paixão pela bicicleta, não pelos inúmeros acessórios.
Podem conter rodinhas para facilitar o equilíbrio.
Existem no mercado alguns modelos sem pedivela, corrente e freios para melhorar ainda mais a coordenação motora da criança.
Haja propaganda... |
Bicicleta de madeira sem transmissão, tipo bicicleta dos "flintstones" =P |
Um Breve resumo
Materiais que podem compor um quadro
Logo depois de se obter as medidas do bikefit e definir o uso da magrelinha, já saberemos qual o tamanho e o modelo do quadro, mas ai vem outra questão: Qual o material que vai compor o quadro. Comumente ouvimos dos mais empolgados e/ou leigos que um quadro de carbono sempre vai ser melhor...mas será que esta afirmação estará sempre correta?
Ferro
Chamar este tipo de quadro de pesado é quase um elogio, pois alguns modelos chegam aos 20kg!
Oxida facilmente, porém, é baratinho e não requer tratamentos especiais caso o quadro quebre em algum ponto. Acredito que não sejam mais encontrados em lojas para venda, um destes pode ser considerado "relíquia".
Aço
Embora muita gente confunda com ferro, na verdade trata-se de uma liga metálica.
Ainda pode sofrer com processos de oxidação, porém, bem menos que os de "ferro puro", também são mais leves.
Absorve impactos bem melhor que o alumínio e tem conserto mais fácil também; o peso excessivo pode atrapalhar a performance do ciclista.
Cromo-molibdênio
O tipo de material mais recomendado para cicloturismo, pois é leve, possui boa absorção de impactos e tem conserto relativamente fácil.
Assim como o ferro e o aço ainda sofre com oxidações, porém, estas demoram anos (e as vezes décadas) para começarem a aparecer.
É difícil de ser encontrado no mercado brasileiro, talvez por isso, o custo seja um pouco elevado.
Alumínio
Como os de aço, os quadros de alumínio são relativamente comuns e baratos; caso sejam bem trabalhados podem ser muito leves e/ou resistentes.
Possui menos maleabilidade que o aço ou cromo-molibdênio e por isso apresenta menor absorção de impacto; pode ainda ser misturado com scandium, melhorando a leveza e a absorção.
Possui conserto mais complicado que Ferro, cromo-molibdênio e aço; por se tratar de uma liga metálica, também sofre com oxidação.
Titânio
Preço elevadíssimo, possui excelente absorção de impactos, porém, menos que os quadros de cromo-molibdênio.
O conserto é difícil, mas se for bem cuidado pode durar até 1000 mil (MIL anos).
Carbono
Preço elevado, porém há uma tendência em ficar mais popular. Pode ser bem leve e pode ou não absorver bem impactos, tudo vai depender do projeto e geometria.
Não há conserto!
Outros materiais
Podemos encontrar ainda quadros de madeira, bambu, papelão, plástico...o que a criatividade humana permitir. Dificílimos de encontrar e geralmente possuem custo elevado (embora encontremos exceções).
Geralmente tem péssima absorção de impactos.
Conclusão
Tiradas as medidas e aplicando em milhares de fórmulas financeiras, ciclisticas, imaginárias e claro levando em consideração o charme dos quadros e o uso para o qual se destina, o escolhido para meu amor foi o TSW hunter de 17" com capacidade para aro 27,5 (que é a moda do momento, falarei disto e uma postagem futura), não muito pesado e suporte para freio à disco e furo para bagageiro (sim...vai que...rola um cicloturismo não é?!)
Para quem curtiu e quer saber mais sobre bikes, mecânica, dicas e afins, meu site preferido para tais coisas é o ondepedalar.com e o canal do youtube "pedaleria" do Edu capivara que são simples mas falam o essencial, não são tendenciosos com marcas, têm dicas importantes e de fácil linguagem para iniciantes.
Dicas muito boas para iniciantes, Felipe! Legal!
ResponderExcluirBom dia. Solicito a autorização de uso da imagem (https://1.bp.blogspot.com/-sXYaivPJx_4/VEP_oUopzVI/AAAAAAAAA7g/uTfUe4iqlys/s1600/diagrama-bike.jpg) para fins educacionais.
ResponderExcluirAtt, Rafael Machado