Rosa Peregrina: Guidão



Independente da modalidade, um guidão incorreto pode transformar um simples passeio em um tormento, afinal, é um dos principais pontos de contato com a bicicleta, não apenas nas mãos, mas em toda a parte superior do corpo, e acredite, com um guidão ruim, você vai sentir dores em partes do corpo que nem sabia existirem. Olhando  a figura abaixo, é possível notar que pequenas mudanças geram alterações na maneira de segurar o guidão, na angulação dos ombros e dos braços.


No mundo das MTB, a tendência são guidões cada vez mais largos, qualquer dia desses aliás, veremos cabos de vassoura equipando as 29ER... Mas como a rosa peregrina é um projeto de "gravel aventureira", vamos tratar de guidão drop e algumas de suas características.

Largura

Distância entre as extremidades da barra

A largura é geralmente medida entre as duas extremidades do guidão, porém, como não há padrão tão bem definido no ciclismo, alguns fabricantes medem de extremo a extremo da peça e alguns outros de onde ficam os trocadores/freios de um lado até o outro, então um guidão pode ter medida 44 cm centro-a-centro e 48 cm ponta a ponta por exemplo.

Distância entre os pontos de fixação do trocador (centro a centro)

Como regra básica, o guidão deve ser proporcional ao ombro do piloto/ciclista, a exemplo do meu caso, que meço 43 cm de ombros, o guidão ideal seria o 44 cm, porém, se eu quiser melhor conforto  e estabilidade posso optar pelo 46 cm ou se preferir melhor desempenho, um 40 cm ou 42 cm.

Apesar de parecer muito fácil e muito óbvio, recomendo um ajuste de bicicleta profissional para garantir a melhor largura do guidão.

Alcance (Reach)



Essa é a distância horizontal que o guidão se estende para frente a partir da mesa. Com um alcance (reach) maior, há um aumento na inclinação do corpo, o que melhora a aerodinâmica, mas perde conforto. A escolha aqui vai muito da flexibilidade corporal (e das dores nas costas).

Descida (drop)



Queda é a distância vertical da mesa até o final da barra. Assim como o alcance (reach), a descida (drop) está ligada com posições extremas de pilotagem, quanto maior a queda, maior a inclinação, porém, neste caso, além das costas, o pescoço também fica bem requisitado.

Flare



Flare é a angulação para fora do guidão, olhando a figura fica mais fácil sacar a ideia. A maioria dos guidões de estrada não possui nenhum tipo de flare ou quando possui, acabam sendo muito timidos, algo em torno de 6° por exemplo. A grosso modo, com o flare o guidão acaba ficando com duas medidas de largura, uma em cima, onde ficam os manetes e outra mais larga na região do "drop". Com o crescimento do seguimento gravel, houve a necessidade de guidões mais estáveis, mais confortáveis e com controle melhor que os disponíveis no mercado; a "angulação para fora" resolve ou ameniza grande parte destes problemas ao proporcionar uma parte do guidão mais larga e mais estável, de quebra, há um menor repasse de vibrações repassadas do solo para as mãos do ciclista.

Não há ainda uma espécie de padrão neste quesito, alguns guidões são vendidos como gravel e possuem míseros 6° de flare e outros possuem extremos 30° de flare. Como regra geral, quanto maior a angulação, maior deverá ser o guidão na região do drop, melhorando a dirigibilidade da bicicleta em terrenos mais técnicos.

Formato do guidão


Existem pelo menos três tipos de guidão de acordo com o formato: Tradicional, anatômico e compacto.



Tradicional. As medidas entre alcance e descida (reach e drop respectivamente) são bem diferentes, gerando mudanças muito bruscas no posicionamento do corpo ao trocar o local os as mãos se apoiam.

Ergonômico. Como o nome sugere, este formato de guidão é feito para se ajustar melhor às mãos do ciclista.

Compacto. Tem medidas de alcance e descida (reach e drop respectivamente) mais próximas, o que irá resultar em mudanças bem menos dramáticas na posição de pilotagem.

Exemplos de formatos de guidão e suas respectivas medidas

Formato do tubo do topo


Assim como existem diversos formatos de guidão de acordo com angulações e medidas de alcance e descida, existem também diferentes formatos de guidões de acordo com a forma do tubo superior... ih... confundiu?! Pois é, podem ser redondos, ovais ou aerodinâmicos.

Guidão com topo aerodinâmico

Alguns fabricantes produzem tubos superiores no formato oval sob o pretexto de aumentar o conforto e reduzir a pressão da "pegada"; alguns outros fabricantes optam por formatos planos, reduzindo o atrito com o ar... e a maioria produz formas redondas mesmo.

Neste ponto é bom notar que formas planas ou muito largas  deixam a tarefa de anexar uma simples lanterna de guidão quase impossível, então é bom pesar na balança outras coisas além do visual.

Lanterna? GPS? clip de triatlhon? Só com gambiarra mesmo

Recuo (backsweep)



Mais uma vez se tratando de tubo superior do guidão, alguns vão ser retos e outros com curvas "para frente ou para trás". Como regra geral, o recuo (para trás) melhora o conforto ao espalhar melhor a pressão das mãos no guidão; enquanto que o avanço (para frente) promete desempenho e respiração mais eficientes.

Elevação (Rise)



Pensas que acabou? Ainda se tratando de tubo superior, este pode ainda possuir uma certa elevação em relação ao centro do guidão que se liga à mesa. Como ocorre nas MTB, a elevação do guidão proporciona melhor conforto, porém, reduz a "agressividade" da pilotagem.

Guidão reto
Leve elevação

Cabeamento


Alguns guidões terão a possibilidade de se passar os cabos e conduítes de câmbio e/ou freios pelo seu interior, deixando o visual mais limpo. Aqui não existem muitas observações, é mais para questão de gosto mesmo, é aquela velha "inutilidade necessária" que a industria as vezes tenta empurrar goela abaixo.

Composição


Como ocorre com os quadros... aqui tem briga também, aço vs alumínio vs carbono. Mas vamos lá

Aço: conhecido por reduzir melhor as imperfeições do solo, porém é conhecido por sempre estar acima do peso também.

Alumínio: Relativamente barato e duro, tão duro que se você tem garfo, quadro e guidão deste material e passar em cima de um palito de dentes, é possível dizer até a espessura e a marca deste palito. É bem mais leve que o aço e muito mais fácil de encontrar por ai, alguns muito bons cabem até no bolso de um trabalhador =)

Carbono: Leve, caro, relativamente resistente e no campo dos guidões é conhecido por "filtrar" grande parte das imperfeições do terreno. Nunca testei um, mas ao que parece ele é meio "mole" e vibra bastante... vai saber, quero distância, tanto pelo preço quanto pela segurança, uma vez que a cada queda, há a chance de uma peça de carbono se romper repentinamente.

Diâmetro


Também como nas MTB, existem ai no mercado diversas medidas, as mais comum são as 31,8 mm e 25,4 mm, mas fiquem de olho, pois guidões mais antigos podem estar fora desse "pseudopadrão" e apresentar medidas de 26 mm, 26,4 mm, 25 mm, 35 mm... ai vai da época, do país e do fabricante de origem.

Minha escolha?


Bem, como a maioria dos ciclistas eu estava mergulhado na ignorância, mas depois de toda esta pesquisa e coletar dados em diversos foruns, optei por um guidão richtey venturemax comp (sim, a versão mais em conta), que pelo que pude notar, é bem presente em foruns de bikepacking e biketouring, o que denota que é bem visado por quem participa destas práticas.

Ritchey Venturemax comp

"Drop e reach curtos" 

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