Trilha do bolo amazônico e a evolução do ciclismo em Belém


No dia 08.11.2015 foi realizado na região do acará mais um grande passeio organizado pela E.A.R.T (http://eartaventura.wix.com/eart), desta vez com parceria da bicicletaria Amazon outdoor. Anos atrás, a trilha na região do acará marcou meu "batismo" em trilhas por assim dizer, já havia feito muitas na região do Utinga, mas estas não contam muito; passados alguns verões, chegou a hora de visitar novamente a região, por coincidência o passeio foi batizado como "trilha do bolo amazônico", em comemoração ao aniversário da loja amazon outdoor; para mim, foi interessante comparar a evolução do ciclismo em Belém.

Lembranças da primeira trilha: Tiago e Nathália arrumando as bikes...Por onde andam vocês?

Ponto de encontro


O lugar escolhido para concentração inicial foi o espaço náutico situado no bairro do Guamá, logo ao lado do primeiro portão da UFPA; o local conta com um estacionamento monstruoso e serve como depósito de embarcações particulares. Ao chegar, logo me assustei ao ver tantos ciclistas, pois nos anos anteriores haviam poucos participantes, que mal preenchiam dois barquinhos.

Trilha do Acará 2013: Notem a quantidade de bicicletas participantes

Trilha do Acará 2015: bike para "xuxu"

Trilha do Acará 2015: Partiu! Primeiro barco para o Acará.

Ilha de Boa vista do Acará


Moradias ribeirinhas ao longo da travessia

E eu reclamando do ônibus Satélite que demora...imaginem pelo que esse povo não passa diariamente...

Depois de uma travessia de barco de aproximadamente 30 minutos; a chegada na ilha foi marcada por muito bolo, sem recheio ou cobertura (meus preferidos). Faltaram as velas e o clássico "parabéns".



Em termos de infraestrutura, pouco mudou na entrada da ilha, já o número de participantes...segundo dados da organização do evento, passou de 180 ciclistas; com a necessidade de quatro barcos para realizar o transporte.

"pórtico de entrada" da ilha de boa vista do Acará

2013: reunião de (se não me falhe a memória) 44 ciclistas

Guilherme Bahia ao centro (em amarelo) passando as costumeiras instruções aos iniciantes

Percurso


O caminho é praticamente plano, são pouquíssimas subidas com inclinação suficiente para sentir ou forçar as pernas; diferente da rematrilha (Rematrilha do caraparu), existem poucos trechos de "areial"; muitos ramais e "singletracks" perfeitamente pedaláveis. Por ser uma região "urbanizada", foi comum encontrar pessoas e casas ao longo dos primeiros quilômetros.

Maior subida durante o percurso todo foi logo no início, isto é, km 0


Domingo tipicamente paraense: Muito sol e igarapé

Muitos ramais excelentes para pedalar

Perímetro urbano com muitas casas espaçadas entre si

"Singletracks" constantes e praticamente limpos. ADORO!

Ponte sem fim


Quem se habituou a fazer trilhas mapeadas pela EART, sabe que quase sempre (umas 95% das vezes) vai encontrar pelo caminho um trecho "impedalável", alagado, enlameado ou com um rio pelo meio do caminho, não que necessariamente venha tudo isto junto de uma só vez, mas sempre tem que ter algum destes elementos para cortar a frescura; neste passeio do bolo...não foi diferente, o trecho chamado de ponte sem fim teve tudo isso:

Sem equilíbrio? Seu companheiro travou na frente? Desce e empurra!

Uma canoa para ajudar na travessia...mas...com quase 200 participantes...

...Foi preciso formar uma "força-tarefa" para agilizar a travessia

Primeira parada


Após a travessia do rio, que aliás, no dia estava bem baixinho; chega a hora de uma pequena parada para alimentação, reidratação e descanso. Diferente mais uma vez da trilha do caraparú, esta contou com dois pontos bem distribuídos para descanso e reidratação; desta vez inclusive, haviam comércios para compra de produtos.




Turma dos 40


Depois do primeiro ponto de apoio, ocorreu a separação da trilha entre iniciantes e intermediários acostumados a quilometragens médias-altas. Uma pena que os novatos não puderam percorrer este caminho, pois a partir deste ponto é que as coisas ficaram mais divertidas, com mais "singletracks", mais igarapés, mais pontes, mais areia...e por ai vai.

Fitas indicando o caminho correto, muita atenção para não se perder

Turma que prosseguiu na trilha dos 40 km

Uma cena bem comum em TODOS os interiores visitados, áreas e mais áreas completamente queimadas

A mãe natureza é forte, mas precisa de uma chance para reflorescer. Pense nisso!

Segunda parada


Depois de 29,9 quilômetros, mais uma parada; assim como na primeira, reidratação, alimentação, banho e fotos, mas desta vez haviam crianças que estavam realmente impressionadas com os ciclistas, algumas chegaram a pedir as bikes emprestadas e tiveram seu desejo atendido:


1...2...3...tchum!
Sem iphone, sem ipad, sem android, sem internet...mas com a felicidade autêntica estampada no semblante

Uma árvore no meio e dois caminhos...onde vão parar? Só vai dar pra saber pegando um deles! Uma questão que se parar para refletir, chega a ser até filosófica. De todos os locais, este eu gostaria de ter passado mais tempo, felizmente ficou o registro =)

Uma casa quase fantasmagórica isolada de tudo...sem dúvidas, um sonho e/ou um refúgio para muita gente

Final do passeio...ressaca sem dor de cabeça!

Volta para a "engarrafada" Belém

Conclusões


Que o ciclismo em Belém cresceu, não restam dúvidas, os números não deixam enganar, da minha primeira trilha de 44 participantes para esta com mais de 180 houve um aumento brutal, basta olhar todos os dias em algum canto da cidade e já vemos ciclistas (não confundir com bicicleteiros, por favor); mas será que o ciclismo se desenvolveu realmente ou apenas cresceu em número? 
Esta é uma pergunta que faço sempre, pois dentre os participantes de diversas trilhas e passeios, urbanos ou não; o que vejo é a bicicleta sendo utilizada apenas como brinquedo aos finais de semana ou para acompanhar a "moda" de vida saudável. Para que o grande passo seja dado afim de que as bicicletas tomem as ruas, é necessário mais que um final de semana ou 200 participantes, ou 1000 deles...É necessário acima de tudo uma mudança na mentalidade e na visão de como enxergamos este meio de transporte, e com a visão de um brinquedo, não se vai muito longe, pois logo toda criança se enjoa de brincar e esquece do brinquedo.

Dados do GPS/Celular


Haja caloria...

No mais...


Para quem ficou em casa com preguiça de acordar cedo; para quem não arrisca se "desligar" do meio urbano, mesmo que temporariamente; para quem se acha incapaz sem nem sequer ter tentado...

Daqui a vinte anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.
H. Jackson Brown Jr

Mais fotos do passeio


Trilha do Acará 2015: Gente pra dedéu

Trilha do Acará 2015: Gente pra dedéu


Perdi a contagem, mas tem gente falando em 200...250 participantes...






Turma que prosseguiu na trilha dos 40 km

Turma que prosseguiu na trilha dos 40 km


Lenha para fazer carvão. Combustíveis fósseis são uma praga.




O caminho esta ai para quem quiser percorrer!

Minha antiga e querida T-type, que meu deu boas lembranças e mostrou-me novos horizontes (registradas apenas em parte aqui neste blog), me sinto exatamente como escreveu o poeta Val Salvaterra, “...encostada num canto, lindamente quieta, ela não reclama de nada, e não me cobra nada. Minha bicicleta, amo você...”

Comentários

  1. Excelente post. Belas fotos. Em minha opinião o pedal urbano e de trilha podem ser vistos como modalidades diferentes, pois a galera que curte trilha não necessariamente gosta de pedalar na cidade. No entanto, ao mesmo tempo que podemos ver uma crescimento nos adeptos ao pedal de trilha também podemos notar o crescimento no número de pessoas que fazem os passeios na cidade. Infelizmente esses números não são proporcionais à quantidade de pessoas que usam a bike no dia-a-dia, para ir ao trabalho por exemplo.

    Teu blog é muito maneiro. parabéns!

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    Respostas
    1. Obrigado Paulo!

      A questão levantada por você é bem pertinente e não deve ser ignorada, sempre haverão os que utilizam a bicicleta somente como esporte ou passa-tempo mesmo, seja por gosto ou por profissão ou por falta de equipamentos adequados mesmo; e sempre haverá também alguém com necessidade real de um carro, seja aqui em terras tupiniquins ou na holanda. Não podemos ter em mente que, a ciclomobilidade virá em detrimento dos carros, ela virá em detrimento do pensamento medíocre de acreditar que a bicicleta não passa de um brinquedo, utilizado apenas para se divertir.

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