Que eu...

 

Quero desejar...

Que eu realmente saiba reconhecer o que faz bem e o que não faz mais tão bem assim. Que eu reconheça também quando eu precisar do meu espaço pra tomar um tempo e reorganizar as minhas ideias e os meus sentimentos. Que eu não tropece em mim, pra que eu não me veja insistindo em lugares e relações que não me cabem. E que eu entenda que às vezes a gente só precisa desacelerar.

Que eu reconheça que eu não tenho o controle de tudo, e nem tudo depende só de mim. Que eu saiba compreender que o tempo pode ser generoso comigo, e que eu só preciso abraçar e viver o meu processo. É isso que vai me fazer enxergar as minhas falhas e as minhas inseguranças e me transformar em algo mais potente e vivo.

Mesmo que eu faça birra, desejo que eu saiba que o que quero não é exatamente o que mereço, e às vezes não terei o que quero, porque mereço algo melhor.

Que eu possa me estender as mãos quando me vier ao chão, em vez de me culpar e piorar a minha situação.

Desejo que eu esteja sempre aberta pra me desculpar, como sempre estou disposta a desculpar os outros. Eu desejo que eu tenha sempre fôlego pra persistir em me curar, que eu tenha sempre amor pra me receber de volta, que eu esteja sempre disposta a me abraçar de novo.

Que independentemente das minhas escolhas erradas, da minha mania de ignorar a minha intuição, da minha teimosia em tentar fazer dar certo quando só eu estou segurando a corda, que eu lembre da hora em que preciso partir. Que eu entenda também que partir não é sobre perder alguém. Às vezes a gente parte justamente pra não se perder ou pra ganhar muito mais porque permanecer se tornou uma pedra.

Desejo o melhor pra mim. Que eu possa fazer conexões leves e leais. Que eu consiga construir relações sinceras e que saiba também reconhecer quando uma linha relacional precisa ser solta porque se tornou pesada.

Que eu tenha coragem de abrir mão, e que mesmo assim sinta o que tiver pra sentir: a dor de me desprender de algo, o frio que a saudade traz, o conflito entre sentir falta e não querer de volta. Que eu possa me permitir sentir tudo pra saber me acolher diante disso.