Projeto Antares #1



O projeto que batizo de "Antares" me surgiu na mente logo depois de testar a recém nascida TSW new hunter 650b (montando a primeira bicicleta); à época, pensava apenas em fazer um upgrade na minha T-type, mas depois de pesquisar, pesquisar e pesquisar para montar uma boa bicicleta, acabei me vendo dentro de muitas polêmicas, descobri o quão imerso estava em "modinhas" de mercado e acabei comprovando o que já sabia, muitos fóruns são boas fontes de informação, mas nada supera a prática.

Tamanho das rodas


Quesito sempre polêmico no mundo de duas rodas sem motor. Nunca fui adepto de rodas muito grandes em bicicletas, na época em que entrei em contato com as "29ER", tudo era caro, raro e pesado. Depois de pedalar algumas voltas, acabei não me adaptando a perda inicial de aceleração, ao excesso de peso e a altura final da bicicleta; para meu uso, em que me deparo com muitas paradas e pausas para obstáculos, não seria nenhuma vantagem.
Quando ressurgiram as 27,5" ou 650b, fiquei com o pé atrás pelos mesmos motivos que me afastaram das 29ER, porém, depois de sentir "na pele" os benefícios de uma roda "meio termo", a dúvida polêmica esvaiu-se e virei fã de carteirinha do time 650b, mesmo sabendo das dificuldades que (ainda) encontraria pela frente. Optei por trocar de pneus...o que me levaria a trocar também muitos outros componentes da t-type...incluindo o próprio quadro =)

Com poucas opções no mercado cabíveis no bolso, escolhi um quadro bem acabado, leve e com grafismo de bom gosto, um Mosso antares (e dai o nome projeto antares).

Mosso Turmoil juntamente com Mosso antares, ambos muito bem construídos

Suspensão


Logo de cara outra grande dificuldade, suspensões escassas e caras, encontrei infelizmente apenas 3 opções, a RST blaze óleo/ar, já conhecida minha, pois equipou a TSW; uma spinner 300 mola/mola e uma proshock ultra ar/ar. Se fosse muito rico, ficaria logicamente com a suspensão da proshock, pois é mais leve, porém, o custo estava em torno de R$1.000,00 e tantas dilma$$ e isto estava fora de questão; a RST blaze foi muito bem recebida em todos os testes e trilhas que participei, mas acabei ficando com a spinner 300...WTF, WHY? pois como mecânico entusiasta quero aprender a fazer a manutenção em suspensões quando um dia precisar, e nada melhor que uma suspensão básica e barata para começar.

Rodas e pneus


Neste quesito foi difícil encontrar bons cubos por um preço justo, mais difícil ainda foi tentar montar e centralizar a roda...infelizmente não deu, precisei de ajuda de alguém mais experiente (agradecimentos ao pessoal Tadeu bike no Benguí, que me livraram de muitas dúvidas). Nos pneus a escolha foi relativamente simples, uma âncora na frente e um de bom rolamento na traseira, então ficou assim: Kenda Nevegal na dianteira e Kenda small block 8 na traseira; a princípio senti uma certa estranheza por ver pneus diferentes na mesma bike, pura falta de costume com assimetrias.



Freios


Apesar de ser adepto da simplicidade dos freios V-brake, escolhi algo mais eficiente, um avid bb mecânico, uma vez que os v-brakes perdem eficiência em trilhas muito longas ou muito "molhadas", e por estas bandas, é o que tem sobrando.

Transmissão


Aqui mais polêmica...Muita gente passa a vida atrás de uma "relação perfeita", procura e não encontra. Estava mais do que convicto de que quanto mais marchas para passar, melhor, já havia inclusive escolhido um sistema de 30 velocidades, porém como o sempre saudoso Nietzsche costumava dizer: 


Durante algumas pesquisas sobre transmissão, participei de muitas discussões em foruns, incluindo marca, compatibilidade, uso e modelo, mas a maior fogueira de todas era o número de marchas necessárias para uma bike, resumindo, temos 3 facções brigando pelo favoritismo: 3x10; 2x10; 1x10. (Não entendeu? Veja um pouco em Montando a primeira bicicleta IV).
Passei a observar quantas marchas EU realmente precisava e acabei me surpreendendo com os resultados: dificilmente (tipo...nunca) utilizava o cambio dianteiro; atrás, utilizava umas 4 ou 5 marchas dependendo do terreno; logo minhas convicções caíram por água à baixo.
Escolhi o esquema de 1x10 para me servir de transmissão, porém...isso me daria mais trabalho e mais pesquisa.

Descolei um pedivela 2x10, e decidi adaptá-lo para 1x10:


A adaptação de um pedivela 2x para 1x foi relativamente fácil, é possível encontrar muitas coroas específicas para 1x10, as chamadas narrowide, encontrei uma de fabricação nacional da marca Nottable, apresentando excelente acabamento e qualidade, também peguei uns parafusos anodizados pra combinar com o restante da bicicleta.

A dúvida ficou quanto ao número de dentes na coroa, pois na T-type só pedalo fazendo uso da coroa de 38 dentes, e nunca tive dificuldades ou limitações em meus diversos usos, porém, nos fóruns dizem que o ideal seria uma coroa de 32 ou 34 dentes para não deixar a relação "pesada". Optei por uma coroa de 36 dentes, para aproveitar melhor todas as 10 velocidades possíveis, talvez me arrependa e queira um dia trocar para uma coroa menor, mas somente os desafios que virão para responderem a esta indagação.

Não preciso dizer que o cassete obrigatoriamente teve que ser de 10 velocidades...




A corrente também deve ser compatível com 10 velocidades, mas assim como o cassete, este fato já parecia óbvio, minha escolha foi a KMC 10SL pois foi a que me mostrou melhor custo X benefício.

O câmbio representa "a cereja do bolo" na polêmica das transmissões, em especial das 1x10, pois afinal qual usar? de que tamanho? de que marca? Depois de muito me encher com tópicos e opiniões repetitivas e pouco sólidas, escolhi um shimano Zee Fr, que já foi concebido para trabalhar em transmissões 1x10 e por isso não necessita de muitas frescuras quanto ao tamanho do "cage", parafusos extras, adaptações aqui e ali. Outra coisa em vantagem do Zee foram as avaliações surpreendentemente positivas sobre robustez e resistência ao uso prolongado. Espero não descobrir em um futuro próximo que a shimano andou comprando opiniões por ai pela web =)

Pequeno valente!

Sistema de trocas muito parecido com a concorrente SRAM

Durante a execução deste hobby/projeto, acabei por descobrir muitas habilidades e interesses, posso dizer que além de ciclista, agora sou um mecânico entusiasta também, inclusive montei meu próprio conjunto de ferramentas para trabalhar e aprender de forma mais independente.

Básico, mas deu pro gasto!


Aqui na cidade do BRT que não deu certo (Belém), foi bem difícil realizar cada passo, pois foi muito difícil encontrar peças boas, de qualidade a um preço justo, em algumas ocasiões por exemplo, saiu bem mais barato (porém mais demorado) importar da Inglaterra ou dos EUA, isto já levando em conta o frete e possíveis saques/roubos impostos do serviço alfandegário.
Outra dificuldade foi não ser compreendido ou ser taxado de louco, pois ao procurar ou peguntar sobre a disponibilidade de uma peça ou outra por exemplo, recebi muitas vezes de resposta que "tal peça não existe", ou "você não está falando errado?".
Para quem pretende fazer seu próprio projeto, apenas aconselho a pesquisar bastante e aprender a decidir de acordo com o uso que se tem em vista, não se baseando somente em experiências inexistentes ou opiniões pré-formadas de fóruns ou vendedores de bikeshop. 

Iniciando testes e ajustes finais

Testando e regulando câmbio no rolo de treino

Relação 1x10 Zee: Corrente bem tensionada

Mosso Antares 1X10 já lubrificada e pronta para rodar!



Bom pedal a todos!!!

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