Jaraguá do sul - Pomerode #15



Sabe quando não se tem muito o que fazer, mas há tempo, curiosidade e energia sobrando? pois foi assim que decidi ver um certo evento com meus próprios olhos apenas para equilibrar o que estava sobrando. A ideia era redescobrir o que há de bom e de novidades na região norte de Santa Catarina; pesquisa aqui, pesquisa ali e voilà ou melhor bereit, um festival literário ligando Brasil e Alemanha na cidade ao lado.

A curiosidade nasceu pois existe uma maneira de se pensar de acordo com sua língua falada e local de nascimento, e convenhamos que português derivado do latim pouco se comunica com Alemão derivado de línguas germânicas e isso para não falar de costumes tão distintos.

Peregrina, tracklog, barras de cereal, freios e água checados e em dia, vamos lá atravessar a serra rumo à outra cidade e outra cultura.


"A cidade mais alemã do Brasil"


A cidade de Pomerode tem seu nome ligado à origem de seus fundadores: imigrantes vindos da Pomerânia (Pommern), região ao norte da Alemanha. Os que chegavam tiravam seu sustento da agricultura e, por isso, tinham que roçar os terrenos e organizar as lavouras para se alimentar do que plantavam. Em terras germânicas, quando uma área era cortada para fundar um povoado, o local recebia o sufixo “-roda” (do verbo “roden”, que significa roçar, limpar a vegetação). Assim surgiu Pomerode, originalmente como “Pommeroda”- o mesmo que “Roçado dos Pomeranos”.

Além do português, grande parte da população local fala um alemão bastante próximo do alemão-padrão (Hochdeutsch), ao passo que a língua original da maioria dos pomerodenses é o pomerano. Portanto, há a coexistência desses três códigos linguísticos na cidade (português, alemão e pomerano).



Em muitos lugares da cidade, há casas edificadas de acordo com a típica arquitetura germânica enxaimel, restaurantes de comida alemã e festas que celebram as tradições germânicas, cuidadosamente preservadas por seus habitantes.

Todo ano, no mês de janeiro, acontece a Festa Pomerana na cidade, uma festa conhecida por ser voltada à cultura alemã, muito parecida com a Oktoberfest. Há muitos aspectos da cultura local que acontecem nessas comemorações, como o ritual do casamento pomerano tradicional, comidas e bebidas típicas e música alemã. 

Tem feira de artesanato, com venda de produtos locais e da região; encontra-se vestuário, tradicionais cucas, chocolates, linguiças e itens em MDF, com destaque ao Fensterbilder (imagens em janela), produzidos na cidade. Bem como todos os artigos de roupa típica alemã, canecos, tirantes, chapéus e bótons para enfeite.

Na festa, há diversas competições entre os moradores, como o chope em metro, disputa de serrar madeira, tiro ao alvo, concurso de Miss da Festa Pomerana, entre outros. Cada edição reúne cerca de 25 mil pessoas e dura quase 2 semanas.

Há também outras festas, como a Osterfest (Páscoa), Natal, feira de objetos usados, etc. 

Para saber mais: https://visitepomerode.com.br/o-que-fazer-em-pomerode/


FLIPOMERODE - Festival Literário Internacional de Pomerode



O 2º Festival Literário Internacional de Pomerode (Flipomerode) é um projeto cultural idealizado e realizado pela Associação Empresarial de Pomerode (Acip), por meio do Programa de Incentivo à Cultura (PIC) do Governo do Estado de Santa Catarina, aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura. 

São cinco dias de festival (11 a 15 de setembro), mais de 70 atrações diferentes, encontros com autores de best sellers da Alemanha e do Brasil, e programação para leitores de todos os níveis e idades. Entre as atrações da edição 2024 estão escritores como Reiner Stach, biógrafo alemão de Franz Kafka, a ilustradora e autora de livros infantis alemã Susanne Strasser, e escritores brasileiros de renome, como Aline Bei, Natalia Timerman, Joca Reiners Terron, Bernardo Carvalho, Ricardo Aleixo, Estrela Ruiz Leminski e Godofredo de Oliveira Neto, entre outros.

Apesar de ser um festival literário, o evento conta também com shows, espetáculos de teatro, exposições e outras manifestações artísticas. A agenda tem orquestra, coral, teatro de bonecos, performances, show musical, narração de histórias, exposições e muito mais.



Neste ano, o festival vai reforçar as celebrações internacionais em torno de Franz Kafka, escritor tcheco que produziu obras em língua alemã elevadas à condição de clássicos, difundidas e estudadas até hoje. Entre as mais conhecidas do público estão O Processo, O Castelo e A Metamorfose — a surreal história de Gregor Samsa, o homem que acordou transformado em um inseto.

Eventos sobre o centenário de morte de Kafka estão sendo promovidos por diversas cidades do mundo ao longo de 2024. Com o festival, Pomerode vai funcionar como um centro das atividades em solo brasileiro.


Casa Kafka


Espaço que propõe um mergulho no mundo kafkiano. A visitação inclui representações do escritor em sua mesa de trabalho e de uma das suas mais íntimas correspondentes: a escritora Milena Jesenská. No interior da casa, será possível entrar no quarto do personagem Gregor Samsa, do clássico “A Metamorfose”, com direito a uma barata de 1,5 metro de comprimento sobre a cama.



As artistas plásticas Sandra Simioni e Lara Simioni Andrade Alves são as responsáveis pela elaboração da Casa Kafka, que funciona sem a necessidade de reserva prévia durante todo o horário de atividades do Flipomerode.


Exposições


Ainda na temática do homenageado, que completa 100 anos de falecimento em 2024, o Flipomerode apresenta duas exposições. A primeira é “Franz Kafka: Vida, Obra e Metamorfoses”, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro Austríaco e Embaixada da Áustria.



A segunda é “Komplett Kafka”, criada pelo Goethe-Institut. São cartazes em que o premiado cartunista austríaco Nicolas Mahler ilustra vida e obra do personagem de forma espirituosa.


Editoras independentes


Uma novidade da Flipomerode 2024 é a Feira de Editoras Independentes, uma forma de contribuir com a bibliodiversidade brasileira e catarinense, dando espaço e voz para casas editoriais independentes e seus autores. As editoras selecionadas poderão expor seus livros em ambiente exclusivo, realizar lançamentos, usar toda a infraestrutura do evento e ter acesso garantido nas atrações mais concorridas. A seleção será feita com base no catálogo de obras das editoras.



Arquivo GPX da trilha




O que esperar deste percurso


Como de praxe, rotas saídas de Jaraguá do Sul são muito tranquilas e estruturadas, até se chegar a BR que liga a Pomerode, existe ciclofaixa e após isso, bom acostamento até a saída do asfalto. Basta tomar cuidado com pedestres desatentos, carros sem pisca, buracos pelo caminho e cobras peçonhentas.



Pouco após passar o pórtico de Jaraguá, acaba o trecho de asfalto e começa a maior, porém não a mais íngreme subida do trajeto. Este ponto é repleto de árvores de modo que faça sol, faça calor, haverão sombras para amenizar a sensação térmica. No topo, encontramos a divisa Blumenau - Jaraguá do sul e não me perguntem qual a geografia para justificar tal placa.


Depois de tanta subida, prepare-se para um longo trecho plano ou com leve declive. É bom aproveitar este pedaço para descansar as pernas e ver a paisagem. Pela falta de chuva e excesso de queimadas, o clima estava muito árido, as plantações secas e a estrada com muita poeira. Aqui, pedala-se até a vila Itupava, onde encontramos uma casa em estilo enxaimel, típico da arquitetura alemã.



Depois de algumas subidas leves, outra descida dá as caras, é hora de descer a serra de Pomerode; esta é bem mais íngreme e a depender da época do ano, é necessário tomar muito cuidado com curvas fechadas. Neste período que realizei a travessia da serra, havia escassez de chuvas, inverno e falta de umidade, logo, o terreno ficou arenoso, o que se traduz em pista derrapante; freios em dia e nada de insensatez e a descida pode ser bem segura e devidamente apreciada.

Parece solo marciano, mas é o estado do solo na descida da serra

Ao chegar em Pomerode, uma desagradável surpresa, o acostamento que era "pedalável" virou estacionamento de carros e boa parte dele desapareceu. Pareceu-me que a prefeitura quer imitar as calçadas curitibanas, com pedestres e ciclistas em segundo plano e o Deus carro roubando espaços.

Te obriga a ir para a pista de carros ou ferrar suas roda subindo e descendo concreto E ainda há a chance de atropelar um pedestre. Tiro no pé que a cidade está fazendo

A lendária placa do vale europeu de cicloturismo marcando "início do segundo dia" desapareceu e isso evidencia um ponto triste. Apesar de integrar parte do circuito de cicloturismo mais famoso e mais bem estruturado do Brasil, a cidade não vem pensando em ciclomobilidade (aliás, nenhuma a não ser carro); e infelizmente após descer a serra, poucos serão os espaços seguros para pedalar até o centro, onde ocorrem os eventos turísticos.

Espaço disponível na maior parte do caminho até o centro

Uma vez no centro turístico, o que não faltam são opções de restaurantes e cafés, é bom aproveitar para descansar, comer, reidratar e passear (porque não?!).


 Já no caminho de volta, fica tudo praticamente plano, existe apenas uma subida. Parece moleza não é? Mas ela tão grande quanto a primeira subida para se chegar à Pomerode, nada difícil de superar, tirando o cansaço, claro.



Depois de atingir esta placa abaixo, prepare-se para uma das melhores descidas e paisagens da região.


No momento em que passei por este lugar já era quase noite e aguardei um pouco para rever as luzes da região mais interiorana de Jaraguá do sul, confesso que sempre me alegro em parar para ver.


Após a descida e um pequeno trecho de acostamento, chega-se à região do rio da luz e já há ciclofaixa, iluminação, carros e pessoas; resta apenas seguir até chegada ao ponto inicial para fechar o percurso.


Pontos de apoio ou descanso


Durante o trajeto, existem muitos postos de gasolina e pequenas lanchonetes, certamente saem mais baratos que ir ao centro da "cidade mais alemã do Brasil." 

Não indico nenhum estabelecimento em Pomerode pois tudo é muito caro e não vale a pena para o dinheiro gasto, particularmente paro em algum posto de gasolina e pego o básico, café ou capuccino, água e pão de queijo.

Grau de dificuldade


Trajeto com mais da metade feita em asfalto, duas subidas e relativamente próxima de zonas habitadas e com um certo fluxo de pessoas...

Em uma escala de cinco, daria 2 ou 3 em dificuldade. Indicaria este passeio para quem já pedala há algum tempo e consegue atingir quilometragens acima de 60km. Talvez também, seja para aquele ciclista que já conhece quando vai sentir fome, quando vai ficar cansado, quanto de água consome, quanto tempo consegue cobrir X quilômetros MAS está querendo algo a mais de seu treino habitual.

Um iniciante com uma boa bicicleta conseguiria realizar o percurso? SIM, mas ai levaria um dia inteiro e muita água.

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