Quando comecei a montar minha Antares (link aqui:
Projeto antares #1), pouco sabia sobre outras modalidades do ciclismo além do mountain bike, no entanto, pesquisando "aqui e aculá", acabei por me interessar pelo cicloturismo, que por dedução trata-se de um turismo utilizando a bicicleta como meio de locomoção entre os destinos. Como toda modalidade do ciclismo, o cicloturismo também tem algumas regrinhas de ouro a serem seguidas; mais precisamente 3 quesitos não devem ser ignorados para viagens mais tranquilas.
1. Conforto
Dentre as modalidade ciclísticas, provavelmente o cicloturista é o que passa mais tempo sentado na bicicleta, logo, torna-se mandatório que esta seja extremamente confortável. Para um melhor conforto, é necessário escolher muito bem o selim; o guidão deve possibilitar várias posições de pilotagem (para isso, existem bar-ends, guidão borboleta, clip de triatlo, manoplas macias e por ai vai); a bermuda acolchoada deve ser de boa qualidade e logicamente tem que fazer o tal bike fit para que o quadro tenha o tamanho correto.
2. Reparabilidade
Uma das melhores possibilidade do cicloturismo é poder conhecer locais inacessíveis a outros veículos, como carros ou motos por exemplo; mas esta prática pode virar uma faca de dois gumes: Imagine você pedalando bem no interior do Brasil com sua transmissão top recém lançada e de repente...o câmbio de 11 velocidades dá algum problema, e necessita ser substituído ou reparado, quais as chances de encontrar alguma peça de reposição?
Os equipamentos de cicloturismo além de resistentes, devem ser de fácil aquisição e substituição, por isso, muitos cicloturistas preferem equipamentos intermediários; garfos ao invés de suspensão; transmissões simples; quadros mais resistentes porém um pouco mais pesados.
3. Bagagem estritamente selecionada
Uma das coisas que desanima muita gente é ter que levar todas as tralhas consigo durante uma viagem, logo, quanto mais bagagem, maior o peso e quanto maior o peso, maior o esforço para rodar com a bicicleta; a solução para o peso? Livrar-se do excesso e das inutilidades. Em uma cama, mesa ou sofá, coloque tudo o que acha que vai precisar, se ficar pesado ou não couber na mochila ou alforge, vá retirando as coisas menos necessárias, mesmo que "doa" retirar um ou outro item; funciona como uma terapia!
Resumindo, uma bicicleta estradeira ideal, por assim dizer, deve ser relativamente "comum" sem muitos mimos tecnológicos. O quadro preferencialmente deve ser de cromo-molibidênio, que é resistente, absorve bem impactos e tem reparo razoavelmente simples; a transmissão deve ser algo em torno de 7~9 velocidades, que possuem corrente mais grossa e desregulam com menor facilidade; o guidão pode ter vários acessórios ou formatos para mudar a posição de pilotagem de tempos em tempos.
Outras dicas importantes:
- Utilize um bagageiro, pois andar com todas suas coisas nas costas pode acarretar muito desconforto.
- Aprenda a montar e desmontar itens básicos da bicicleta, trocar pneus, ajustar o cambio, regular os freios...
- Tenha um bom GPS e aprenda a fazer uso dele, ou caso a grana esteja curta, utilize um aplicativo de celular com mapas para uso "offline".
- Utilize sempre lanternas fortes e bem posicionadas para um possível pedal noturno.
- Tenha sempre peças de reposição e ferramentas para eventuais imprevistos, um pneu furado não deve ser motivo para um final de viajem!
- Nunca deixe a caramanhola e o estomago vazios.
- Programe a quilometragem e os trechos a serem pedalados no dia de acordo com o preparo físico.
- Faça uso de descansos de bicicleta.
Conforme montava a Antares, mais me interessava pelo cicloturismo, porém, como já havia adquirido boa parte das peças, estava quase impossível voltar atrás para montar uma bike verdadeiramente estradeira, então, o jeito foi adaptar um item ou outro, mesmo que isto quebrasse algumas regras.
Bagageiro
Pesquisei horrores sobre este item e nem em países mais voltados ao ciclismo se tem um consenso sobre bagageiros. Decidi então comprar um zefal raider universal, mas um belo dia achei nos classificados, aqui da cidade, um bagageiro a venda por 30% do preço do zefal. O quadro da Antares não tem furação superior para bagageiro, e por isso, precisei procurar um serralheiro para ajustar os braços que prendem o bagageiro ao selim e comprar uma blocagem compatível para realizar uma "gambiarra".
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Engate justo, as vezes atrapalha para remover a roda |
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Quadro sem furação, mas nada que um jeitinho não resolva |
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Blocagem "reta" para melhor engate do bagageiro |
Transporte da bagagem
Existem no mercado várias e várias marcas de alforges, bolsas e até mochilas voltadas especificamente para cicloturismo, mas como ocorre com os bagageiros, também não existem muitas informações para se fazer uma boa decisão, apenas a prática e o tempo irão dizer se um alforge A ou B são bons para seu uso. Com a pressa de curtir uma viajem, acabei adaptando (mais uma vez) o que já tinha em casa para transportar minhas coisas, isto é, uma mochila simples presa no bagageiro utilizando cabos elásticos; funcionou tão bem que a mochila mal sacudia =P
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Mochila comum, presa com cabos elásticos |
O destino
Todo homem deve conhecer suas raízes, claro que já entrando em uma questão filosófica, é difícil definir o que são raízes; as minhas residem boa parte na criação dada pelos meus avós, de origem marajoara, e é para lá que decidi realizar minha primeira cicloviagem de teste, ilha do Marajó, terra de búfalos, abacaxi, carimbó e belezas pouco exploradas.
Marajó
A Ilha do Marajó é a principal ilha do Arquipélago do Marajó, e sua principal característica é que ela é uma ilha costeira do tipo fluviomarítima, ou marítmo-fluvial, banhada tanto por águas fluviais (rio Amazonas, Pará e Tocantins) quanto por águas oceânicas (Oceano Atlântico).
Antes da chegada dos portugueses, a Ilha do Marajó já era habitada por populações indígenas que viviam em sociedades avançadas, e dominavam a peculiar e refinada arte de modelar a argila, produzindo, desde aquela época, a cerâmica marajoara, uma tradição da Ilha de Marajó que sobrevive até hoje graças às habilidades dos artesãos em manter viva essa tradição.
A origem dos antigos habitantes da Ilha do Marajó ainda é um mistério. Dizem que a Ilha já era habitada há 5.000 anos, mas restaram poucas pistas dessas populações. O pouco que se sabe sobre eles, vem dos achados de sítios arqueológicos encontrados por toda a Ilha de Marajó.
O nome ‘Marajó’ vem do tupi tupi Mbara-yó, e quer dizer ‘tapamar’, ou ‘anteparo do mar’. Isso mostra uma extrema capacidade de observação e entendimento da natureza e do meio ambiente dessas populações indígenas da Ilha de Marajó, já que os rios da Ilha de Marajó tem um ciclo de cheia e baixa de acordo com as marés, recebendo água dos rios Amazonas, Pará, e Tocantins.
O que levei
Outra grande dúvida de todo iniciante, o que levar? Experiências em pedais mais longos e a ida e vinda constantes do trabalho utilizando a bicicleta, me ajudaram a decidir sobre o que precisaria. Para quem não faz ideia, a dica que passo é ir ao trabalho ou para a casa de algum parente passar um ou mais dias somente de bicicleta.
- Mochila simples
- Mochila de hidratação
- Sandálias
- kit de remendo para pneus
- Missing link para corrente 10V
- Lubrificante para transmissão, do tipo úmido
- Bomba de ar
- Câmara reserva tamanho 650b
- Chave canivete de ferramentas
- Sabonete líquido
- Desodorante
- Toalha (a menor que tenho)
- Duas cuecas
- Bermuda
- Camiseta
- Camisa polo (apenas para reserva, acabei nem utilizando)
- Carregador de baterias (celular e câmera)
- Câmera nex3 e sua bolsa de transporte
- Kobo (para quem não sabe é um leitor de e-book)
- Além do que está na foto: Celular (tirei esta foto com ele); escova e creme dental; chave de corrente; sais reidratantes para misturar com água; documentos de identificação; roupa de ciclismo (bermuda, maguito, luvas, tênis, meia, capacete e camisa); cabos elásticos; fone de ouvido; tripé de 150 cm da câmera.
A viajem
Infelizmente devido ao pouco tempo disponível, pude viajar somente durante dois dias; precisei faltar trabalho.
Nível de dificuldade do percurso
Diria "mamão com açúcar", muito bom para quem está pretendendo iniciar no ciclismo ou cicloturismo; o terreno é quase sempre plano. O que mais atrapalha é o vento, tão forte que derruba a bicicleta mesmo com o descanso, tão poderoso que nos obriga a pedalar mais "pesado".
A travessia do rio é simples e calma, dura em torno de três horas de viajem; as balsas não contam com locais específicos para motos ou bicicletas, o jeito é improvisar e prender bem a magrela e os pertences; tirar um bom cochilo é uma possibilidade também.
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Porto de Camará à vista |
Depois de chegar ao porto, existem muitas vans, ônibus e motos que saem para diversos locais do Marajó, para quem vai a pé, fica a dica de pechinchar bastante para pagar um bom preço. A estrada do porto até joanes e/ou Salvaterra é um verdadeiro tapete, algo que consideraria até milagroso para a região norte do país.
Pelo caminho, não se vê muita coisa além de pequenas casas, vilarejos e plantações de abacaxi, aliás, este fruto tem se tornado a base da economia da região e é considerado o mais doce do Brasil, caso faça este percurso, não deixe de experimentar um abacaxi cortado e gelado vendido aos quilos em diversos locais. Se o paraense tivesse uma vocação melhor para o turismo ou engenharia, teriam feito uma estrada a beira-mar...mas...fizeram-na "cortando o mato"; espero que ao menos tenha sido para preservar o meio ambiente da região.
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Um cachorrinho perdido entre as casas de um vilarejo onde parei para comprar água. Cara de "pidão" |
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Pausa para um lanche e uma foto! |
Ao final do percurso, o GPS do celular marcou 47,3Km, pois ao invés de pegar sempre o asfalto, acabei percorrendo uma trilha pelo mato; no meio do caminho, levei uma queda feia e acabei batendo forte a perna e o braço esquerdos, mas, como qualquer tombo meu, só sentiria as dores depois de "esfriar o sangue".
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47,3 Km de percurso percorridos em 4:00 horas, com duas paradas totalizando 1:30 para reidratação. Esqueci de acionar o GPS desde o inicio... |
Para descansar
Após o percurso, fui até a pousada Boto, onde havia reservado um quarto. Dentro da cidade existem inúmeras pousadas, algumas muito mais baratas e outras até melhores em termos de infra estrutura, com bar, restaurante, casa de massagem, piscina, wi-fi, shows e TV a cabo; mas para se viajar de verdade é necessário sair da rotina; qual o sentido de ir até salvaterra para depois ficar imerso em uma piscina ou ficar conectado pelo wi-fi?! Além do mais, o preço da diária já me custaria mais do que gastei durante a viajem inteira.
A pousada é única, pois insere o hospede na cultura marajoara, cada chalé por exemplo, possui decorações inspiradas em lendas amazônicas:
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Antes da Ariel da disney, já existia a Iara! |
Outra coisa bem legal do lugar é a decoração rústica, minha preferida. Dá para perceber um certo grau de sustentabilidade, algumas das decorações são feitas com materiais reciclados, por exemplo um canteiro feito com garrafas vazias ou esculturas montadas a partir de galhos secos:
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Canteiro feito com garrafas usadas |
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Escultura de galhos secos, de noite até se passa por gente... |
Depois de 50 quilômetros em baixo de muito sol e enfrentando muito vento, logicamente que é preciso repor nutrientes e calorias gastas. Fui até a orla da praia munido com muita fome, e depois percorre-la por inteira, não encontrei um lugar aberto no qual pudesse comer bem, gastando pouco e ainda pagando no cartão de débito, aliás, as propagandas de cartões de crédito/débito são muio distantes da realidade, pois basta sair das regiões metropolitanas para que o cartão não sirva de nada, pois pouquíssimos estabelecimentos tem a maquina de passar cartões. Felizmente tinha uns trocados no bolso e pude experimentar o prato mais comum da ilha, filé de búfalo com queijo do marajó:
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Filé de búfalo com queijo do Marajó, prato comum na região. |
Almocei quase cinco da tarde em um casebre chamado solar do Marajó, curiosamente a decoração do ambiente me fez voltar alguns anos no passado: um rádio ainda de válvulas, barzinho todo construído em madeira, copos americanos dispostos próximos a pia, cigarros a mostra próximos ao balcão; passei a me sentir em casa; estava uma delícia, mas a fome era tanta que acho que qualquer coisa seria bem vinda; o local conta ainda com uma brisa forte e uma bela paisagem:
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Lago ao lado do restaurante. Brisa bastante agradável! |
Depois de forrar o estômago, chega a hora de treinar alguns "cliques", aproveitar a brisa, andar pela areia, apreciar a paisagem e refletir um pouco sobre a vida.
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Pôr-do-sol muito suave |
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Entardecer enquanto caminhava de volta para a pousada boto |
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Lentes para o céu, pratiquei e pratiquei até que aprendi a fotografar as estrelas; em Belém tal prática fica impossibilitada pela poluição luminosa. |
Dia 04.10.15
Antes de dormir no dia anterior, já havia sentido a perna esquerda muito dolorida devido a uma queda forte que sofri, mas esse tipo de dor pela manhã é o que há para estragar alguns planos. Gostaria de ter realizado uma travessia para a cidade vizinha, Soure, mas a dor intensa me fez "encurtar" os planos e acabei passando a manhã a pedalar pela praia e vizinhança da pousada.
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Amanhecer em direção à praia. Me deparei com esta beleza purpura, ainda bem que estava com a câmera na mão para registrar |
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Refletindo? Talvez |
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Cena comum pela manhã |
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Praia deserta. ADORO! |
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Pescadores iniciando suas rotinas |
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Mesas da pousada prontas para serem atacadas; com um café tipicamente paraense, com muita tapioca, queijo do marajó, manteiga de búfalo, suco de abacaxi, pão feito com leite de búfalo e muito café sem açúcar. Devo ter comido o triplo do normal nesta manhã... |
Volta para Belém
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Ânimo...sim, estava precisando |
Depois de comer até passar mal durante o café da manhã e curtir uma baita dor na perna esquerda, chega a hora de partir. Saindo somente pelo asfalto são 27 km de Salvaterra até o porto de onde saem as balsas, não daria conta de pedalar todos estes quilômetros, logo, fui em um ponto de rodoviários pedir carona. Chegando ao porto, apenas repeti o ritual do dia anterior, achar um canto tranquilo, prender tudo no cadeado e tirar mais um cochilo
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Volta para casa igualzinha a vinda |
Tabela de custos
Bastante gente acha que uma viajem deste tipo tende a ser muito dispendiosa em vários sentidos, claro que definir "caro" ou "barato" depende do bolso de cada um; mas para desmistificar um pouco este conceito, aqui vai o destino do meu suado "dinheirinho" durante este passeio (lembrando que os preços sofrem varição de acordo com a época do ano):
- Hospedagem na pousada boto: Quarto solteiro mais uma bicicleta R$ 80,00 (50% de depósito durante a reserva e 50% quando se chegar lá; incluso café da manhã super reforçado).
- Almoço no solar do marajó: A porção para uma pessoa varia entre R$ 10,00 e R$ 20,00, dependendo do prato, o famoso filé da ilha custou-me R$ 15,00.
- Balsa para travessia: Absurdos R$ 30,00 para um passageiro portando uma bicicleta, ida e volta R$ 60,00 "dilmas".
- Água pelo caminho: R$ 1,50 a garrafa de 500 ml, comprei quatro, totalizando R$ 6,00.
- Van de volta para o porto: R$ 20,00...facada...também
- P.F de almoço no porto antes do embarque: R$ 10,00 o prato e R$ 2,00 o abacaxi para sobremesa cortado e gelado
- Total: R$ 193,00
Apenas a título de curiosidade a pousada mais chique da região estava R$ 140,00 a diária mais em conta, porém só havia um quarto casal disponível a R$ 200,00; o almoço sai entre R$ 30,00 e R$50,00. A travessia de um carro de passeio pequeno custaria R$ 90,00...ou seja R$ 180,00 "dilmas", ida e volta.
Caso tivesse realizado o passeio como um turista "normal", R$ 200,00 de hospedagem; R$ 180,00 de travessia; R$ 60,00 para dois dias de refeições, totalizaria R$ 440,00 e provavelmente nem conheceria Salvaterra de verdade, talvez ficasse trancafiado nas dependências do hotel.
O futuro...?
Bem, o que esperar? Não sei, pois não sou vidente, mas os planos são adquirir um par de alforges ou mochila para cicloturismo (da marca ararauna, solidsports, curtlo ou saikoski); um malabike para voos mais longínquos e uma bolsa de guidão para câmera DSLR; talvez substituir minha mochila de hidratação por uma pochete curtlo explorer. Quanto ao próximo destino, o que não faltam neste Brasil são locais belos e razoavelmente acessíveis como estrada real em Minas Gerais; circuitos do vale europeu e verde&mar em Santa catarina; ilha do mel no Paraná; regiões ao sul de São Paulo...e por ai vai (quer saber mais?
Relatos de viagem de cicloturistas).
Considerações finais
Depois desta micro experiência (e algumas outras mais), pude tirar algumas conclusões sobre diversos assuntos, listei alguns:
- A Antares não apresentou nenhum problema, inclusive a suspensão spinner 300 depois de alguns ajustes finos se saiu muito bem, meus ombros, mãos e braços foram bem preservados desta vez.
- Está se tornando quase mandatório a substituição do selim e/ou da bermuda acolchoada; durante os percursos, tudo de bom, mas depois...aparecem as dormências.
- A violência e o medo são sintomas de cidade grande, nas quais a mídia bombardeia com assassinatos, roubos, acidentes de trânsito, estupros e desesperança. Não que Salvaterra seja 100% segura, mas a impressão que tenho é que a ausência dessa aura negativa das mídias deixa o povo mais pacato.
- A ilha do Marajó tem um potencial turístico brutal, infelizmente a falta de visão e investimento do governo acaba por deixar a ilha sub-explorada.
- Ainda sobre a falta de investimento, não se tem nem a preocupação com a travessia dos habitantes e turistas, existe apenas UMA (monopólio) empresa responsável pela travessia de veículos como carros, motos e caminhões e assim pode cobrar o preço que bem entender pela passagem, inclusive, 30% do que gastei aproximadamente foram com passagens de ida e volta.
- Escolas e postos de saúde são ausentes na região, mas igrejas...tem de tonelada. Consequências disso? Povo burro, doente, alienado que vai acreditar em qualquer um ou qualquer instituição que tenha fala bonita.
- A falta de planejamento nos interiores ainda não é um problema, mas com o crescimento urbano e populacional vai ficar igual ou pior às grandes capitais.
No mais, deixo uma frase de um homem que foi de extrema influência para a humanidade, e não estou me referindo à misticismos; andava muito de bicicleta e mudou o mundo quando imaginou o que aconteceria caso ela acelerasse até atingir a velocidade da luz.
“Viver é como andar de bicicleta: É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio”
(Albert Einstein)
Mais fotos do passeio:
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Praia grande |
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Praia grande |
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Pescadores |
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"Redário" em um dos quiosques na praia grande |
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Vista do restaurante "Solar do Marajó" |
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Matinta Perera no desenho |
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Lixo começando a se acumular... |
Caramba, que aventura!! Lembrei do meu tempo de muleque, quando eu pegava minha bicicletinha de qualquer jeito e fazia passeios curtos para os sítios dos meus amigos. Lendo a tua história e vendo as fotos, até me inspirei a fazer uma aventura dessas, mas agora de forma adulta! Parabéns Felipe, pela tua coragem e ousadia!!
ResponderExcluirMuito obrigado querido amigo. Precisando de algumas dicas estou por aqui
ExcluirPrezado Felipe
ResponderExcluirB tarde!!!
Sou biker e gostaria de conhecer a Ilha de Marajo de bike, poderia passar mais informaçoes?
Grato
Antonio Fernando
Ps. poderia deixar e-mail para contato?
Olá Tony, primeiramente muito obrigado pela visita e pelo comentário. Vamos por partes, existem 3 maneira de você sair de Belém para pisar em terras marajoaras, de navio, de balsa ou de lancha:
Excluir1. De balsa: Você deve se dirigir ao terminal rodoviário e procurar a Henvil transportes, eles vendem a passagem para viajar de balsa (mais ou menos 3 horas de viajem); tem diversos horários, mas os dois principais são 6:00 e 7:00 da manhã, mas dependendo da época e do dia, tem balsa saindo até 22:00; as balsas saem do pier da Henvil localizado em Icoaraci. (o site da Henvil para saber dos preços e horários: www.henvil.com.br)
2. De navio ou de lancha: Você deve se dirigir ao terminal hidroviário de Belém e procurar o guichê da Tapajós Expresso. A passagem está R$48 (08.02.2016), avise que você levará uma bike e não pagará nada mais para levá-la. São mais ou menos 2h de viagem se for de lancha e de navio são 3:30 salve engano. No caso da lancha, tem viagem tanto pra Soure quanto para Salvaterra, O preço é o mesmo.
A lancha sai as 8h da manhã de Belém e a volta dia de semana sai as 14:30; sábado e domingo sai as 16h. Desculpe a falta de maiores informações sobre a passagem de navio, pois optei em ir de balsa que fica bem mais perto de casa; já a lancha, é nova, acredito que tenha pouco mais de 2 meses fazendo esta rota.
ExcluirVou lembrar-lhe também que esta postagem mostra apenas UMA das inúmeras cidades marajoaras que valem a pena por os pés, para ter uma melhor idéia, dê uma olhadinha neste outro blog: http://estradasecaminhos.blogspot.com.br/2013/04/a-exotica-ilha-de-marajo.html