Estigma das "vadias"



Sinônimos de estigma: Tudo aquilo que é considerado uma desonra,
descrédito, desdouro, desonra, infâmia, labéu, mácula, mancha...


Segundo qualquer dicionário da língua portuguesa:

Estigma é uma cicatriz provocada no corpo por uma ferida ou machucado, caracterizando também uma pinta ou sinal natural do corpo. Como sentido figurado, a palavra estigma ainda tem o significado de algo que é considerado ou definido como indigno, desonroso ou com má reputação.
Provavelmente, este significado se originou a partir de uma antiga acepção atribuída ao termo estigma, de quando era hábito fazer uma marca com ferro quente nos braços e ombros dos criminosos ou escravos. Este estigma ajudava a identificar na sociedade qual indivíduo era dotado de má reputação ou que havia cometido alguma espécie de crime.

O conceito atual de estigma é bem mais amplo e com a modinha de inclusão, ganhou definições mais voltadas para o lado social. Todas as sociedades definem uma espécie de roteiro dos atributos que serão considerados naturais, normais e esperados do ser humano. O indivíduo estigmatizado é aquele cuja identidade social real inclui qualquer atributo que frustra esta expectativa de normalidade; ou seja, tudo o que não é considerado um padrão cultural social é tido como um estigma para aquela sociedade. Para a sociologia o conceito de estigma social está relacionado com a categorização de um grupo por outro, conferindo-lhe um grau inferior de status social. Atribuir um estigma está relacionado com as pré noções, os preconceitos, os estereótipos e/ou o medo do desconhecido que fazemos sobre os outros.

A principal consequência deste tipo de relação é a negação de direitos e oportunidades ao grupo estigmatizado. Então passamos a ver muitas coisas absurdas impregnadas a cultura de um povo:



Para quem cresceu na cultura ocidental tradicional, ler uma notícia destas parece algo completamente fora da realidade, beirando um daqueles absurdos do islã, porém, basta uma rápida olhada na vizinhança ou na memória para encontrar uma "mãe solteira" que sofre praticamente igual à fulana lá do outro lado do mundo pertencente a uma cultura "excludente" e sem "amor ou compaixão ao próximo". Se pesquisarmos o termo na internet, "mãe solteira", logo aparecem histórias diversas, mas todas repetidas em sua essência, a maioria inclusive relata praticamente as mesmas dificuldades:


"uma das maiores dificuldades, além da parte financeira, é o preconceito por ser uma mãe solteira. A sociedade ainda é bastante preconceituosa. É difícil encontrar emprego ou estabelecer novos relacionamentos. “A igreja te recrimina, os homens pensam que você é disponível, as empresas acham que filhos atrapalham o rendimento. É muito complicado""

"A “mãe solteira” tem uma responsabilidade dobrada por cumprir dois papéis – de mãe e de pai. Não ter mais ninguém para passar a bola, de chegar a um nível insano de exaustão, de acontecer algo consigo e ficarem sozinhos, sem poder pedir ajuda. Assumir, muitas vezes, a responsabilidade de manutenção da família. E, ainda passarem por situações constrangedoras para elas e os filhos, como por exemplo, ao matricular a criança na escola e, ao colocar estado civil solteira, ser olhada com certo desprezo e, ouvir comentários como “Ah, você é mãe solteira?”. Desde quando “mãe solteira” é estado civil? E, nas festinhas na escola ou nas dos amiguinhos quando chega sem um companheiro, sempre tem alguém que olha com certo desprezo, como se ela tivesse um cartaz colado na testa “mãe solteira”. Muitas vezes essa discriminação vem de pessoas próximas e, da própria família.”


De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), praticamente 30% das mães no brasil não tem cônjuge; enquanto que pouco mais de 3% dos pais estão sem conjugue. Obviamente que pela quantidade o termo "pai solteiro" não é tão discutido, mas a diferença não reside apenas na quantidade, vai bem mais além e chega a beirar o desprezo, a discriminação e muitas vezes vira um verdadeiro estigma. A moda do momento por exemplo são dos "super" pais solteiros com fotos de seus filhos em aplicativos de paquera ou em redes sociais, além de dar ao "pai solteiro" um ar de esforçado, coitadinho e responsável. O mesmo não ocorre com as mães.

Agora o porquê desse quadro?

Talvez, esse preconceito venha da ideia na mente das pessoas de que uma mulher não pode ser feliz a não ser que tenha uma família tradicional constituída. O verdadeiro espanto é que na maioria dos casos, as próprias mulheres é quem impõem esta ditadura. Muitas pensam que se não houver um homem do lado, mesmo que esse seja um traste, estão fadadas ao incomodo título de "titia". As vezes, são as primeiras a apontar para uma mãe sozinha e dizer que ela não vai ser feliz, mesmo essa mulher sendo forte o suficiente para lutar por essa felicidade e não se sujeitar a uma situação de infelicidade certa para viver de aparências como uma família perfeita, mas que nos bastidores vivem tristes, enchendo a cara ou se entupindo de antidepressivos, todo um sacrifício apenas para poder dizer que são casadas.

A sociedade, sempre se renovando, agora usa o termo "mãe solo"; afinal, "mãe solteira" já não está pegando tão bem nas mídias para se referir as "vagabundas", "descuidadas", "vadias" e afins... É preciso se modernizar, mas sem deixar de lado as raízes do eufemismo, não é?! O que pouca gente lembra ou imagina é o quanto dói para a criança se sentir culpada por dar o status indigno à mãe pelo simples fato de existir.


Fato é que depois de uma certa idade é bem difícil encontrar alguém muito interessante sem muitas complicações de vida, dentre elas, uma antiga paixão que deixou filho(s) como fruto. Alguém assim, precisa ser conquistada em dobro, afinal, não será uma relação de apenas duas pessoas e mais além, também é preciso domar os próprios receios e uma enxurrada de preconceitos de terceiros para seguir adiante. Pode-se encontrar a mulher com a química perfeita, mas o simples fato de ela ter um filho muda todo o cenário; mas o medo e preconceito de enfrentar o desconhecido acabam afastando mulheres que tinham um bom potencial para ser uma futura companheira.

Obviamente que não somos iguais e cada um encara a realidade das experiências de maneiras distintas; mas posso afirmar que a mulher que passou pela experiência da maternidade pode proporcionar uma vida a dois bem interessante.


Maturidade

Aqui é bom domar o ego, pois o foco desta mulher será o filho(a): saúde, educação, alimentação, estado de espírito, bem estar e por ai vai; logo não sobra muito tempo para infantilidades como nas mulheres que acabaram de sair da adolescência e cobram atenção a cada dez minutos. A chance de um relacionamento adulto é bem maior com uma mulher assim.

Relação mais franca e melhor resolvida

Seja na cama ou na hora passear, a tendência a passar uma falsa imagem de santa do pau-oco quase que desaparece, afinal, pra que perder tempo construindo e descontruindo falsos ídolos. O mesmo acontece com as neuras de celulites, estrias, quilos excedentes; crises de autoestima não são nada quando comparadas às mudanças causadas por uma gravidez; afinal mulheres que se aceitam são bem mais suscetíveis a se doar ao prazer.

Grandes decisões, pés no chão

Boa parte das mulheres que iniciam um envolvimento logo passam a viver uma espécie de fluxograma para a vida: namoro, noivado, casamento, filhos; como se uma etapa só pudesse ocorrer depois da outra. Uma "mãe solteira" já passou por algumas fases e sabe o ônus e bônus de cada uma delas. Pode até querer casar, mas será muito mais cautelosa para tomar decisões. A tendência é que o fluxo dos acontecimentos transcorra mais naturalmente, e os passos aconteçam no momento certo, sem precipitação.

Redescobertas

Muitas mulheres depois de levar um belo pé na bunda demoram a se recuperar, a libido e as paixões as vezes são jogadas para escanteio em prol do filho(a). Mas a história nos mostra que quem cai e consegue ter forças para se reerguer, acaba ficando muito mais forte, acompanhar intimamente esse processo de redescoberta é indescritivelmente fantástico.

Amor multiplicado

Assim como o esforço da conquista deve ser maior, as recompensas também chegam multiplicadas. Não entrará apenas uma pessoa para somar na vida e nos afetos. 


Uma lição muito importante e válida que dá pra tirar do povão, sim o mesmo que te segura e mete o pau nas "mães solteiras" é que se der certo, é porque ambos tem uma conexão muito especial e vai muito além do corpo. Para quem fica se segurando em "assumir" um relacionamento destes, deixo o pensamento:




Percebo que se fosse estável, prudente e estático, viveria na morte. Portanto, aceito a confusão, a incerteza, o medo e os altos e baixos emocionais, porque esse é o preço que estou disposto a pagar por uma vida fluida, rica e excitante.

Carl Rogers



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