O Deus de "Spinoza"
Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu:
"Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe."
Depois de ler tal declaração, ficamos nos perguntando qual Deus ou qual versão de Deus ele acreditava afinal? Claro que muito religioso puxa a sardinha para seu lado, afinal, não é todo dia que um grande cientista afirma a existência de Deus, mas basta pesquisar rapidamente para paradoxalmente entender que o Deus em questão é livre de qualquer algema religiosa.
Outro questionamento seria sobre quem foi este tal Spinoza. "Liofilizando" a biografia: Foi um dos grandes racionalistas do século XVII, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Foi um profundo estudioso da bíblia, do Talmude e de obras judaicas como Maimónides, Ben Gherson, Ibn Ezra, Hasdai Crescas, Ibn Gabirol, Moisés de Córdoba e outros. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno. Ganhou fama pelas suas posições opostas à superstição. Em 1656, a Sinagoga Portuguesa de Amsterdã puniu Spinoza com o chérem, o equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus. Através de uma profunda exegese bíblica (principalmente do velho Testamento, pois dominava o hebraico como poucos) aliada a sua construção filosófica, ele defende que a bíblia não explica nada da realidade, pelo contrário, ela é um delírio dos profetas. Desconstrói milagres, nega a imagem de um Deus que reflete a impotência humana, etc. Contudo defende um ponto: que o credo mínimo cristão (amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas) é uma verdade eterna, já que expressa a concórdia entre os homens e os leva a viver bem entre si.
Então já deu pra perceber que esse tal de Spinoza era "problemático"; pensava racionalmente, o que a via de regra é proibido por qualquer regime ideológico religioso. Como se não bastasse, além de pensar, ainda transcrevia seus pensamentos em papel... E aliás, que textos: Polêmicos, bem a frente de seu tempo, alguns até proféticos...
Então em uma busca rápida na internet, encontramos um texto intitulado o Deus de Spinoza, há uma lenda de que as palavras contidas nele são de Spinoza, mas NÃO SÃO, basta uma pequena leitura de suas obras para notar que simplicidade, erros teológicos e fraqueza filosófica são atribuições que não se enquadram em seu estilo.
"Para de ficar rezando e batendo no peito!
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.
Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável:
Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador,
ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho...
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho...
Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.
Eu sou puro amor.
Eu sou puro amor.
Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz...
Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é a única que há aqui e agora, e a única que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos.
Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva
um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um
Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva
um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um
inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar
um conselho.
um conselho.
Viva como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de
existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te
dei.
existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te
dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste
comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais
gostaste? O que aprendeste?
comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais
gostaste? O que aprendeste?
Para de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro de ti...
aí é que estou."
Mesmo não sendo genuíno, tem lá seus méritos ao tentar expor o estado deplorável em que as religiões deixaram Deus (e o homem também).
Como Nietzsche dizia: "Como posso acreditar num Deus que precisa ser louvado e adorado todo tempo?". Infelizmente muitos ainda precisam de muletas religiosas, precisam de campanhas, louvores, cultos avivados para mexerem com o emocional, e a pergunta que fica é: aonde está a espiritualidade desses que não seja na institucionalização da religião? Jesus anunciou o Reino, mas o que veio foi a igreja com suas amarras dogmáticas, burocracia religiosa, e bon$ negócio$. Como Freud dizia: "A religião é uma forma de neurose obsessiva".
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