Trilha do Borralho E.A.R.T




Em março foi realizada mais uma trilha clássica da E.A.R.T, intitulada trilha do borralho. Contando com aproximadamente 65 km, este passeio tem início na comunidade de São Raimundo dos borralhos (dai o nome de batismo para a trilha); tem travessia do rio Guajará Mirim; contorna boa parte da ilha de Colares até chegar na praia, dai tem pausa para almoço; recomeça com a busca pelos "E.T's de Colares", pois para quem não sabe, colares é conhecida como a terra do disco voador! Por fim, retorna-se praticamente pelo mesmo percurso; um passeio longo e que exige um bom preparo físico, mas é muito compensador. Quem quiser algo menos árduo, pode ir apenas pelo asfalto, basta seguir a sinalização da estrada PA-140, no meio do caminho existe uma travessia (obviamente pois colares é uma ilha), e é necessário esperar uma balsa que realiza a travessia.

Planejamento da trilha

São Raimundo dos Borralhos


Uma comunidade tão difícil de se chegar que praticamente não aparece nos mapas e te faz pensar se a estrada realmente vai te levar a algum lugar; um conselho é ir com carros 4x4 pois após sair da estrada que leva para Vigia, são 20 km de estrada com lama e muito buraco, inclusive houveram carros atolados e supostamente algumas pessoas perdidas no caminho.

Após sair da estrada para vigia...20 km de "Rally"

Apesar da época das típicas chuvas fortes da região, fizera bastante sol nos dois dias anteriores, de modo que não esperávamos encontrar muita lama, a bem da verdade foi a trilha mais "limpa" que já participei. Ao pegar a estrada, lembrei-me de um dito popular que dizia que em manhã com neblina o sol faz trabalho extra depois...

Silent Hill Benevides ao amanhecer

Após todo percurso para se chegar ao ponto inicial do passeio, veio a receita de sucesso da E.A.R.T, instruções diretas e simples, prévia de como se encontra o percurso, e um típico Pai-nosso como oração. Os planos eram simples:

  1. Partir de Borralhos até a margem do rio;
  2. Contactar um senhor de apelido "barulho", responsável por realizar travessias no rio;
  3. Pedalar até a praia de Colares;
  4. Procurar pontos turísticos e "E.T.'s"
  5. Pedalar até a margem do rio;
  6. Realizar travessia do rio;
  7. Pedalar até borralhos

Taluí repassando as instruções

Pai-nosso

De borralhos até a margem do rio


Praticamente sem lama ou trechos técnicos, a trilha começa em em single-track de ritmo realmente acelerado, o sol como previu o senso empírico, nos agraciou com fortíssimas ondas de calor, o percurso, praticamente todo aberto só piora a situação, toda árvore vira um refúgio contra o sol inclemente.

"Single-track"

Aproveitando uma rara sombra

Vez ou outra encontrávamos moradores com motos ou bicicletas, e aqui e ali uma casa ou pequeno vilarejo perturbando a paisagem; após certo tempo, o número de pontes de madeira que atravessávamos aumentava, eram indícios que estávamos próximos ao rio.



Travessia do rio


Assim como acontece em outras regiões, as embarcações que realizam o transporte e travessia do rio tem um apelido, em Colares e arredores, é "Catraia". Apesar de ter perambulado por muitos locais, nunca ouvira o termo "catraia" na minha curta existência, assim, fiquei um pouco curioso por desvendar este pequeno enigma. infelizmente o senhor "barulho" estava ausente e esperamos por quase uma hora para que ele desse o ar de sua graça e realizássemos a travessia do rio.

Esperando um transporte

Catraia...uma espécie de jangada motorizada

Com a demora muitos aproveitaram para descansar, comer, dançar ou bater um bom papo, quando finalmente apareceu o senho "barulho", ficou claro que seria necessário mais que uma viagem ou catraia para atravessar a todos.

Algumas pessoas dançando enquanto o "barulho" não vem

Senhor "barulho"


catraia lotada

travessia tranquila

Pessoal da E.A.R.T

Da margem do rio até a praia de colares


Partindo do rio, sol forte, pouco vento, fome, sede, quase nenhuma sombra e muitos quilômetros nos separando da praia. O número de pessoas e veículos pelo caminho aumentaram consideravelmente em comparação à outra margem do rio, encontramos muitas crianças brincando nas ruas...raridade (pelo menos em minha realidade urbana). Acabamos por abandonar a estrada de terra e partimos para o asfalto que leva até a praia.


Estrada para Colares, em boas condições, porém, sem acostamento

Na E.A.R.T, quanto pior, melhor; entramos novamente em estrada de terra e assim continuamos até a bendita praia. No caminho, mais pontes, mais vilarejos distantes, mostrando que nós sapiens somos mestres em disseminação mesmo.



"Tu tem coragem? só acelera e vem sem parar". Um nativo grita para alguém... 

Finalmente havíamos chegado a praia, mas ainda faltavam poucos metros até o restaurante, com descidas íngremes e caminhos descontinuados por erosão do solo.







Praia de Colares


Esteticamente, a praia de colares não possui muitos atrativos, se assemelha bastante com praias em mosqueiro, Cotijuba ou outras de outeiro, pouca extensão de areia, água barrenta, algumas pedras escondidas nas águas, e muitos bares roubando o sossego; outro ponto a ser considerado para quem pretende se banhar é que não faltam histórias de acidentes envolvendo arraias nesta região, todo cuidado é pouco.
Decidimos parar para descansar e almoçar, por algo entre R$ 12,00 e 20,00 reais é possível comer até passar mal com as porções generosas dos pratos servidos na maioria dos bares/restaurantes.
Quem estava esgotado, pode aproveitar para sair de carona com algum parente; quem estava com muita pressa, partiu sem rodeios para as catraias com a finalidade de terminar a trilha; e quem estava "de boa", foi atrás de pontos turísticos e E.T.'s.

Praia "curta"

Descanso após almoço

Terra de E.T.

Algumas vezes acontecem coisas fantásticas, e que por excesso de ruídos e ignorância acabam se transformando em boas teorias da conspiração, 40 anos no passado, a ilha de Colares teve lá seus "causos" fantásticos e acabou por ganhar a fama de terra de avistamentos de "discos voadores", Roswell paraense, terra de abduções e por ai vai:

"Em julho de 1977, começou a surgir casos de pessoas que viam feixes de luz vindas do céu e que deixavam marcas nos que eram envolvidos pela mesma na Ilha de Colares com cerca de dois mil habitantes e que até hoje intriga a sociedade ufológica do mundo todo.

Na época, várias pessoas começaram a parar no hospital com marcas de pequenas agulhadas muito juntas ou no mesmo local com queimaduras graves sempre na região do ombro, tórax (principalmente no seio, no caso de mulher) e pernas. Essas marcas pareciam ter sido feitas a mais de dez dias e a pele necrosava rapidamente logo que acontecia. Todos que foram atingidos e sobreviveram, afirmam ter sido causado por uma luz muito forte vindo de uma altura muito grande e que ficavam totalmente paralisados sem saber o que realmente aconteceu.


A médica Wellaide C. Carvalho não estava acreditando que isso poderia ser algo causado por extraterrestre e procurava outro tipo de resposta para o que estava acontecendo e acreditava no início, que isso seria somente um delírio coletivo e que essas marcas eram feitas pelas próprias pessoas. Até que um dia chegaram, duas pacientes em estado de choque e paralisadas, tendo que transferi-las imediatamente para a capital de Belém por não ter recursos para investigar, tendo alguns dias depois a notícia do falecimento de ambas e que a causa da morte era desconhecida.

A médica mais tarde, viu a mesma luz e o objeto voador, passando assim a acreditar que o que acontecia era verdade, mesmo não sendo engolida pela luz e nem tendo as marcas.

Com isso, a sequência da luz e abdução rápida aumentou e foi uma crise de histeria na cidade, onde muitos abandonaram suas casas e os que ficaram pediam para o jornalista Carlos Mendes da capital fosse ouvi-las e pediram para o prefeito local pedir ajuda. O que o levou a pedir ao I Comando Aéreo Regional (I COMAR) da cidade de Belém para os ajudar.

Em setembro do mesmo ano, começou a Operação Prato (Caso Roswell Brasileiro), comandado pelo Coronel Holanda, onde se acreditava no princípio que isso era coisa dos guerrilheiros comunistas, onde estava havendo uma guerra.

Com o tempo, o Coronel Holanda começou a perceber que que se tratava de óvnis, vendo com seus próprios olhos a nave com o feche de luz se movimentando, e tendo mais tarde um contato direto com o que ele chama de humanoide (extraterrestre).

Com isso, foi constatado que o fato estava acontecendo não só nessa cidade, mas em outras da região amazônica como a Ilha de Tapajós, Ilha de Marajó, Vales do Rio Amazonas, Belém, Região da Amazônia, Região do Maranhão e de Amapá. Mas dois meses depois, recebeu ordens superiores para suspender a investigação sem nenhuma resposta.

Em dois de outubro de 1997, o Coronel Holanda deu uma entrevista a Globo e aos repórteres Marco Petit e A J Jever da Revista UFO com ricos detalhes do que aconteceu, inclusive um objeto flexível que possivelmente foi implantado em seu braço e que não aparece em nenhum exame médico. Dois meses depois ele foi encontrado morto, onde as autoridades dizem que ele se enforcou devido a depressão que sofria, mas seus companheiros como o Copiloto Pinon Frias, dizem que foi assassinato (Queima de arquivo) por ter revelado o ocorrido."



Apesar da riqueza sem igual em detalhes, como dizia Carl Sagan:


Evidências reais e palpáveis nunca foram encontradas e dão espaço a muitas teorias da conspiração e "achismos", mas...Colares, sendo cidade brasileira e paraense que é, se aproveitou da fama e agora muitas coisas por lá são relacionadas a extraterrestres, bloco de carnaval, pinturas em casas, esculturas, algumas residencias inclusive possuem uma área entre os telhados para observação dos céus e outras, orifícios para lunetas.

Um alienígena surpreso com o clique da câmera!!!!!!!!!!!!!!!!!

Na biblioteca municipal

Em um salão de beleza


Até "churrasquinho de gato" alien...

Posto de gasolina

Perda de patrimônio


A cidade de Colares é muito divertida de se visitar, a criatividade rola solta em cada esquina; infelizmente, como acontece em 99,9% (para não falarem que sou tendencioso) dos municípios paraenses, a corrupção e a falta de interesse do poder público em turismo acaba por apagar o brilho deste município, fora a biblioteca municipal, todos os pontos interessantes para se parar e tirar uma foto são privados, tudo de público (exceto a biblioteca) está literalmente caindo aos pedaços; para mim, uma grande decepção passados anos de minha última visita à ilha.

Fonte: Colares por Camila


Fonte: Colares por Camila

Tinta "nova" desbotando e portas descaracterizadas...

Fonte: Colares por Camila


Fora outros locais onde não tirei fotos...Dá pra notar o abandono da cidade por parte do poder público...uma pena

Até onde deu pra ir de bicicleta


Descemos o trapiche com as magrelas e pedalamos até ver onde dava para ir...coisa de maluco mesmo.



Mais uma pausa para milhares de fotos

Pedalada de volta


A volta foi muito tranquila, o sol já quase não esquentava nossas costas e o percurso continuava pouco técnico, o que abriu espaço para corrermos um pouco.



Deixando Colares

Dados do passeio


Resistência acima de tudo

Mais fotos do passeio





























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