Ciclomobilidade Belém #4 e o compartilhamento de bicicletas


Já durante os primeiros dias de 2016, o Strava Labs liberou informações sobre o fluxo de seus usuários ao redor do globo terrestre referentes aos anos de 2014 e 2015; tornou-se então possível observar melhor a movimentação de ciclistas, na região metropolitana de Belém, temos os cenários:

Fluxo de usuários strava utilizando bicicletas na grande Belém durante o ano de 2014. Quanto mais laranja, maior a intensidade do fluxo

Fluxo de usuários strava utilizando bicicletas na grande Belém durante o ano de 2015. Quanto mais laranja, maior a intensiade do fluxo

Já fazia algum tempo que houvia cochichos e comentários que afirmavam que o "movimento" de ciclistas cresceu bastante na grande Belém, e o mapa de fluxos liberado pelo strava mais do que comprova isto, quando comparamos a movimentação de 2014 com a de 2015.
É muito importante frisar que os mapas acima fazem referência somente aos usuários Strava, e não retratam a verdadeira realidade do fluxo urbano de bicicletas; no meu local de trabalho por exemplo, vejo mais bicicletas trafegando em uma única tarde do que usuários strava em uma semana inteira e a região nem fluxo aparece no mapa. Isto acontece não por culpa dos funcionários do Strava, mas sim porque o tio que vende "completo" na rua, o pedreiro que sai para trabalhar, o pessoal que vai "logo ali"...Não se preocupam em marcar o tempo de movimentação e dai a falta de dados nos mapas acima. A maioria das pessoas que realmente utilizam a bicicleta como meio de locomoção constante não registram os "treinos" percursos.

Feira do Bengui pela tarde, trafegar de carro por ai, nem pensar

Para meu completo espanto, na primeira semana do ano, foi anunciada uma parceria entre prefeitura de Belém e a operadora de planos de saúde Hapvida a fim de implementar o projeto de bicicletas compartilhadas já existente em diversas cidades do mundo.

"Belém é a primeira cidade da Região Norte a receber a iniciativa. As bicicletas estarão disponíveis à população, a partir do mês de fevereiro. Serão 11 estações distribuídas em pontos, 10 deles já definidos pela Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), são eles: Praça Dom Pedro II, Praça da República, Praça Batista Campos, Tamandaré com 16 de Novembro, Ver-o-Peso, Forte do Castelo, Mangal das Garças, Portal da Amazônia, Praça Pedro Teixeira e Praça Amazonas.
Cada estação contará com 10 bikes, que poderão ser utilizadas por qualquer pessoa cadastrada no projeto. O cadastro poderá ser feito pela internet e o destrave das bicicletas para uso poderá ser feito via aplicativo ou ligação telefônica. Os preços ficarão entre R$ 5 para passes diários e R$ 60 para passes anuais. Cada passeio poderá ser feito em até 90 minutos com intervalos de pelo menos 15 minutos entre cada um deles.
Cada bicicleta possui um chip que serve para identificar com qual usuário a bicicleta está. Ele identifica também quanto tempo ela está fora da estação e em qual estação se encontra. O sistema de gestão do projeto é seguro e monitora todas as bicicletas 24 horas."
Fonte: Assessoria de Imprensa da Hapvida Saúde



Nota-se a princípio que a prefeitura não está tão preocupada de fato com a mobilidade, uma vez que optou por regiões de lazer e/ou turismo para implementar os pontos de compartilhamento de bicicletas. Mais uma vez fico indignado de constatar que a cidade existe apenas da área do entroncamento até a cidade velha, quem mora fora deste espaço, esta fadado ao esquecimento.
Por outro lado, por algum lugar o projeto teria que começar e nada melhor do que pontos turísticos com boa paisagem para isto. Torço muito para que o projeto ande a passos largos nesta cidade, pois apesar de não parecer, geograficamente a cidade é pequena e plana; e após o término das obras do BRT, muitas ciclovias serão interligadas, incluindo o fim do mundo (região de icoaraci) ao centro.

Apenas a nível de curiosidade, o projeto de bicicletas compartilhadas não é novo, começou no continente europeu na década de 60 em cidade que hoje são referência à ciclomobilidade. No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro ganhou o primeiro polo de bicicletas compartilhadas em 2011.

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